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EMENDA TRIBUTÁRIA
Diferentemente do que
ocorreu com a proposta para a
Previdência, cuja aprovação em primeiro turno na Câmara, em que pesem as concessões, foi positiva para
o governo, a tramitação da reforma
tributária promete ser bastante difícil
para o Planalto. Não bastassem os
interesses em jogo, a gerar conflitos
entre as esferas federal, estadual e
municipal, há os pleitos do setor privado, que, muito justamente, espera
um sistema mais simplificado e adequado ao estímulo à produção.
Se por si só tais demandas já compõem um painel de dificuldades, o
fato de que o país atravesse uma conjuntura de restrições agrava a situação dos diversos interlocutores e
enrijece suas posições no debate. Como observou o deputado Delfim
Netto, em entrevista publicada ontem pelo jornal "Valor", não é nada
recomendável que reformas de tributos sejam realizadas em ambiente recessivo. O apetite tributário de
União, Estados e municípios torna-se mais voraz e aguçam-se as reivindicações do setor privado. A conclusão do deputado é simples: "Reforma tributária com recessão é igual a
aumento da carga".
Em 1997, a carga tributária encontrava-se no patamar de 29% do Produto Interno Bruto (PIB), tendo chegado recentemente a cerca de 36%.
Diante dessas perspectivas, surgem algumas propostas. O ex-presidente do Banco Central, Carlos Langoni, por exemplo, sugere que a elevação da carga tributária seja compensada por um dispositivo que
obrigue o governo a fixar metas
anuais para reduzi-la, condicionadas
à melhoria da relação entre a dívida e
o PIB. A proposta pode ser engenhosa, mas parece de difícil realização.
Para o ex-ministro Maílson da Nóbrega, o melhor seria adotar logo um
"plano B", dividindo-se o cronograma: como parece ser a tendência, o
governo tentaria aprovar neste ano
apenas a CPMF e a DRU (Desvinculação das Receitas da União), deixando
o restante para o ano que vem. Semelhante é a posição do deputado Delfim Netto, com a diferença de que
advoga a prorrogação da CPMF por
três anos, sem transformá-la em imposto permanente, evitando a partilha imediata com os Estados.
Seria certamente desejável que o
governo pudesse ir além já neste ano,
aprovando o fim da cumulatividade
da Cofins e a desoneração dos investimentos e exportações.
A impor-se, porém, novo aumento
da já insuportável carga tributária,
num arremedo de reforma, parece
mesmo mais sensato rediscutir o
cronograma. Seria um recuo, mas se
evitaria a emenda pior que o soneto.
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