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Ninguém venceu
DEPOIS de um mês de combates e mais de mil mortes, foi finalmente estabelecido um cessar-fogo entre o
Exército de Israel e a milícia libanesa Hizbollah. Ambos os lados
saem derrotados da contenda.
Israel tentou valer-se da provocação lançada pelo grupo terrorista xiita para lançar uma
ofensiva que o destruiria. Não só
não foi capaz de fazê-lo como
ainda sofreu baixas significativas, que ferem a aura de invencibilidade de seu Exército.
No plano político, o premiê
Ehud Olmert também acumula
fracassos. Embora o apoio inicial
à guerra tenha sido grande, o
simples fato de as forças israelenses não terem sido capazes de
conter os foguetes do Hizbollah
solapa as bases da proposta do
partido Kadima de retirar-se
unilateralmente dos territórios
árabes. Os israelenses descobrem que deixar parte da Cisjordânia e construir uma cerca em
volta dos palestinos não basta
para protegê-los de inimigos.
A situação do Hizbollah não é
melhor, embora o grupo tente
qualificar como vitória o fato de
ter resistido por um mês aos
bombardeios israelenses. Para
começar, a milícia sofreu perdas
importantes, ainda que difíceis
de quantificar. Prova-o a rapidez
com que aceitou os termos de
um cessar-fogo desfavorável.
Na esfera política, o quadro
também é complexo. É verdade
que os libaneses se uniram em
torno do grupo que passou a simbolizar a resistência ao agressor.
Mas não levará muito tempo até
que os cerca de dois terços de libaneses não-xiitas se dêem conta de que foram atacados -o que
danificou seriamente a infra-estrutura do país- por responsabilidade do Hizbollah. Não será
surpresa se, acalmadas as coisas,
crescer a pressão interna pelo
desarmamento do grupo.
Espera-se que as respectivas
derrotas levem os dois lados a
dar passos concretos rumo à paz.
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