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ACORDO COM A EUROPA
Depois de uma seqüência de
idas e vindas, o acordo comercial que vem sendo discutido por
Mercosul e União Européia (UE) parece estar se encaminhando para
uma conclusão. Há sérias dúvidas se
o prazo de 31 de outubro será cumprido, mas, a crer na avaliação do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, falta pouco para que
as propostas sejam apresentadas por
escrito e o entendimento, assinado.
O pouco que resta, no entanto, ainda é muito, pois são justamente alguns dos pontos mais sensíveis, que
podem levar ao desentendimento e a
novo retrocesso nas negociações.
O item mais delicado -e o que
mais interessa ao Mercosul- é o que
diz respeito à oferta européia de
abertura de seu mercado de bens
agrícolas. Tradicionalmente protecionistas em agricultura, assim como os Estados Unidos e outros países ricos, os europeus têm procurado alongar no tempo as concessões
que se dispõem a fazer.
Já o Brasil e seus parceiros sul-americanos levantam dificuldades para o
acesso da UE a outras áreas, como a
de compras governamentais. O governo brasileiro vê nos gastos realizados pelo setor público um possível
instrumento de política industrial,
que poderia ser neutralizado com a
liberalização.
Num mundo extremamente competitivo nem sempre os acordos são
firmados dentro dos prazos estabelecidos. Impasses, rupturas e reconciliações fazem parte de uma dinâmica
que o Brasil tem tido oportunidade
de conhecer mais de perto nos últimos anos, seja no âmbito do próprio
Mercosul, seja em outros fóruns.
Essa constatação, no entanto, não
pode servir para encobrir intransigências, muito menos fundadas em
concepções ideológicas duvidosas
(como algumas em voga no Itamaraty), que ponham a perder as chances de aprofundar relacionamentos
comerciais promissores. Um desenlace favorável no acordo Mercosul-UE exigirá, por certo, que ambas as
partes cedam -e é de esperar que o
façam de maneira equilibrada e produtiva para todos.
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