São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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AINDA EM OBRAS

A inauguração das custosas obras viárias realizadas pela prefeita Marta Suplicy na região das avenidas Rebouças, Faria Lima, Cidade Jardim e Nove de Julho não foi apenas parcial, mas precipitada. Basta circular por alguns trechos desses logradouros para constatar o quanto de precariedade ainda subsiste: calçadas por fazer, passarelas improvisadas e pavimentação inconclusa.
São situações que criam não apenas desconforto mas riscos de acidentes. Num país do Primeiro Mundo, essa realidade dificilmente seria concebível. No Brasil, contudo, vai-se no atropelo, ainda mais quando as eleições ditam o ritmo. As autoridades brasileiras freqüentemente contam com a boa vontade de uma população que, rotineiramente tratada sem o devido respeito, acaba muitas vezes por conformar-se com os contratempos.
É cedo para saber com exatidão o que acontecerá quando as obras forem de fato concluídas. A julgar pelos primeiros dias, tudo indica que os corredores de ônibus trarão benefícios e economizarão tempo para os cidadãos, o que não é pouco numa cidade como São Paulo. Quanto à circulação de veículos privados e sua convivência com as faixas do Passa-Rápido, há situações mal resolvidas, que deverão deixar o tráfego mais lento -se é que isso ainda é possível. É de esperar que a prefeitura instale semáforos inteligentes e encontre soluções para aliviar os gargalos que já se formam.
Não se discute que é acertado privilegiar os meios coletivos em relação aos individuais. Para que se induza, porém, a uma significativa migração do veículo particular para a rede pública é preciso que ela esteja em condições de atender às necessidades de deslocamento de quem usa o automóvel. Ônibus mais rápidos e confortáveis são, sem dúvida, um passo nesse sentido, mas ainda há muito a percorrer até que São Paulo possa considerar que possui uma rede eficiente de transporte coletivo.


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