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ELIANE CANTANHÊDE
"Cheque"-mate
BRASÍLIA - Com cheque ou sem cheque, estava escrito nas estrelas, nos
depoimentos, nos indícios e na convicção generalizada do Congresso
que Severino Cavalcanti tinha acabado. Era só uma questão de tempo.
O cheque de R$ 7.500 emitido pelo
empresário Sebastião Buani e sacado
pela secretária apenas abreviou a
agonia de Severino. E do Planalto, do
PT e do que resta da combalida "base
aliada", que passavam vexame na
tentativa, inglória, como se viu, de
defender o indefensável.
O cheque foi arrasador para Severino, em especial depois da entrevista
de domingo, um verdadeiro deboche.
Mas o governo e o PT não saem bem
nessa foto. A história do "mensalinho" de Buani para Severino fazia
sentido desde o início. E combinava à
perfeição com o perfil de Severino e
com o seu "jeitão" baixo clero de ser.
Só não viu quem não quis -como o
PT, que se recusou a assinar a representação contra Severino na terça-feira, junto com cinco partidos e com
vários dissidentes petistas.
O partido da transparência e da ética se rendeu aos interesses do Planalto. Trocou a ética pelo mais deslavado cálculo político: é melhor ter o Severino e tapar o nariz, os olhos e os
ouvidos do que correr o risco de ver a
oposição na presidência da Câmara.
O mais curioso é que líderes da própria oposição admitiam um petista
consensual para o lugar de Severino,
como José Eduardo Cardozo (SP),
Paulo Delgado (MG) e Sigmaringa
Seixas (DF). Os dois primeiros foram
vetados pelo próprio PT. O outro foi
pescar com José Dirceu no fim de semana. Seria o juiz pescando com o
réu às vésperas do julgamento. O PT
começou tudo errado e continua surpreendendo com sua capacidade
inesgotável de errar.
Com cheque ou sem cheque, Severino estava liquidado. Cassado ou não,
Roberto Jefferson entra para a história como quem abriu uma importante caixa-preta. Cabe aos verdadeiros
líderes fazer um novo Congresso
voar.
@ - elianec@uol.com.br
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