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FERNANDO RODRIGUES
Serviços secretos
NOVA YORK - Está na internet a
transcrição de uma palestra do
principal analista de informações
da "comunidade de inteligência"
dos EUA, Thomas Fingar.
Ele é presidente do Conselho Nacional de Inteligência -o órgão responsável por consolidar as informações coletadas por agentes da
"comunidade" espalhados na administração federal.
Desmoralizados pelas barbeiragens pré e pós o 11 de Setembro, os
agentes secretos dos EUA agora estão numa fase pessimista. O relato
de Fingar fala que a "dominação
americana (...) está se erodindo", de
forma cada vez mais rápida.
A estrutura de governança mundial (FMI, Banco Mundial e outros)
está obsoleta. A imagem depauperada dos EUA, porém, impede o
país de liderar mudanças. Uma
idéia vinda de Washington estaria,
diz Fingar, "morta na largada".
Abriu-se um vácuo de liderança
internacional. Ninguém parece
pronto para preenchê-lo. Ao contrário, os pretendentes como Rússia, China e União Européia também padecem do mesmo mal dos
EUA, cada um com um problema
específico de imagem.
Todas essas informações já foram
entregues para os candidatos a presidente dos EUA. O serviço secreto
tem reuniões regulares com Barack
Obama e John McCain. O eleito receberá um estudo com as perspectivas mundiais até 2025.
Com todos os defeitos e buracos
que possa ter a análise apresentada
por Fingar, trata-se de um esforço
de razoável envergadura. E, sobretudo, de transparência. O serviço
pode ser secreto, mas os resultados
precisam ser públicos.
No Brasil, essa discussão inexiste.
Desde o fim da ditadura militar, governo atrás de governo tenta criar
um sistema minimamente confiável de inteligência. A crise dos
grampos expôs o atraso já conhecido. No fim, não há inteligência nem
transparência. Só segredo.
frodriguesbsb@uol.com.br
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