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RUY CASTRO
Escalafobéticos
RIO DE JANEIRO - De um livro
dos anos 60, só há pouco reaberto,
cai um recorte sem data do "Correio da Manhã". É um tópico da coluna "Quatro Cantos", de notas políticas e "faits divers", editada pelo
meu colega Cicero Sandroni, hoje
presidente da Academia Brasileira
de Letras. Intitula-se "Nomes" e
diz: "Eis aqui uma lista de nomes tirados dos fichários de associados do
INPS". Para se ver como vem de
longe a criatividade brasileira, seguem-se os próprios:
"Antonio Dodói, Bom Filho Persegonha, Cafiaspirina Cruz, Céu
Azul do Sol Poente, Dezêncio Feverêncio de Oitenta e Cinco, Graciosa
Rodela, Inocêncio Coitadinho Sossegado de Oliveira, João Cara de
João, João Cólica, João da Mesma
Data, João Casou de Calças Curtas,
Manuel da Hora Pontual, Manuelina Terebentina Capitulina de Jesus
Amor Divino".
E mais: "Maria Panela, Maria
Passa Cantando, Pedro Bonde, Restos Mortais de Catarina, Último Vaqueiro, Um Dois Três de Oliveira
Quatro, Vitória Carne e Osso, Antonio Manso de Pacífico Sossegado,
Antonio Treze de Junho de Mil Novecentos e Dezessete, Antonio Noites e Dias, Benedito Autor da Purificação, Imaculada Gema, Joana Mula, João Pensa Bem, Joaquim Pinto
Molhadinho, Maria Privada de Jesus, Napoleão Estado de Pernambuco, Pharmácido Lopes".
E ainda mais: "Pedrinha Bonitinha da Silva, Philonila Piauhilina,
Olinda Barba de Jesus, Universo
Cândido, Veneza Americana do Recife, Darcilia Abraços Santinho, Alma de Vera Leão Rolando Pedreira,
Remédio Amargo, Capote Valente e
Marimbondo da Trindade".
Ué, Capote Valente é esquisito?
-perguntará você. Sim. Para quem
não mora em São Paulo, soa tão escalafobético quanto João Casou de
Calças Curtas, Um Dois Três de Oliveira Quatro ou Joaquim Pinto Molhadinho. Com todo o respeito.
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