São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Eleição
"Ao concordar ipsis litteris com os termos da carta da leitora Maria Stella Barros de Macedo Coda ("Painel do Leitor", 14/10) e fazer minha a sua conclusão -pois eu também havia jurado que jamais voltaria a votar no PT pelos mesmos motivos por ela alegados-, destaco o que escreveu Clóvis Rossi ao comentar frase de José Genoino: "Gente decente recusa, sim, apoio de quem chamou de ladrão e nazista faz tão pouco tempo". Esse é o grande problema do PT de hoje, que há muito deixou de ser decente."
Jackson Vitoriano de Ulhoa (Rio de Janeiro, RJ)

 

"Na carta de Maria Stella Barros, ela não deixou claro se optou pelo voto nulo ou se caiu no bico tucano. De qualquer modo, São Paulo tenderá a sofrer se mais "ex-eleitores fiéis do PT" passarem um cheque em branco ao candidato do PSDB e a seu vice fantasma, ex-secretário mal planejado de Celso Pitta."
Rogério Chaves, sociólogo (São Paulo, SP)

 

"O PSDB deveria tentar ganhar a eleição municipal defendendo os seus projetos, e não buscando criar um clima de ameaça à estabilidade democrática do país. Beiram o ridículo os insistentes "alertas" que os peessedebistas e seus aliados têm feito sobre os perigos que uma suposta "hegemonia petista" traria ao nosso Estado com uma possível vitória de Marta Suplicy. Durante os oito anos do governo FHC, o Estado de São Paulo foi igualmente comandado pelo PSDB. Enquanto isso, os tucanos disputaram duas vezes a prefeitura e nunca ninguém advertiu sobre os perigos de o PSDB controlar os poderes federal, estadual e municipal. O PT, como qualquer outro partido organizado, trabalha para ganhar eleições, e não há nada nisso que afronte as liberdades democráticas. O finado Sérgio Motta, por exemplo, sempre dizia que o PSDB tinha um projeto de ficar 20 anos no poder."
Bento Messias Carvalho de Abreu (São Paulo, SP)

Energia
"Em relação à carta "Energia" ("Painel do Leitor", 10/10), que questiona projetos de Itaipu, cabem alguns esclarecimentos. Os recursos usados para os projetos sociais são provenientes da venda de sucata e de materiais inservíveis da empresa, da venda de editais de processos licitatórios e de alguns aluguéis de imóveis da entidade, ou seja, esses recursos não vêm da tarifa e, portanto, não causam impacto no bolso do consumidor. O cuidado com o ambiente é inerente à existência da usina. O que tem maior impacto na composição da tarifa de Itaipu, infelizmente, é a nossa dívida. Para construir Itaipu, a Eletrobrás, com o aval do governo brasileiro e com autorização do governo paraguaio, fez grandes empréstimos. A Itaipu se autofinanciou. São US$ 19 bilhões que têm de ser pagos até 2023. O serviço dessa dívida, que é pago mensalmente, representa 72,93% de nossa tarifa. Além disso, por força do tratado com o Paraguai, pagamos 16,11% em royalties aos governos e, no caso do Brasil, a vários municípios -inclusive a 90 cidades mineiras. Nosso custeio com a manutenção e a operação da usina, incluindo o cuidado com o ambiente, representa apenas 10,96%. É importante mencionar que o artigo não relaciona apenas projetos. Fala de medidas de gestão para reduzir nossos custos, como o pregão eletrônico binacional. Além de economia para a empresa, poderemos ajudar outros a economizar com o sistema."
Álvaro Oliveira, coordenador de comunicação da Diretoria Financeira Executiva da Itaipu Binacional (São Paulo, SP)

Conta-salário
"Em relação ao artigo "Tarifas bancárias: um confisco!" ("Tendências/Debates", 13/10), informo que a conta-salário, regulamentada pela resolução 2.718 do Banco Central, destina-se ao registro e controle do fluxo de recursos para pagamento de salários, vencimentos, aposentadorias, pensões e similares. É vedado às instituições financeiras cobrar dos beneficiários, a qualquer título, tarifas destinadas ao ressarcimento pela realização de serviços, inclusive tarifas para operações de transferência dos créditos para outras instituições financeiras, desde que sejam realizadas pelo montante total. A conta-salário não se presta à concessão de limite do tipo "cheque especial" nem dá direito a talonário ou folha de cheque. Essas facilidades a transformam em conta corrente comum, sujeita a tarifação. Só podem ser lançados na conta-salário, a crédito, valores originários da entidade contratante, sendo vedado o acolhimento de depósitos de outras origens. Finalmente, em atenção ao sindicalista José Lopez Feijóo, é do interesse de entidades de classe negociar a modalidade de pagamento mais conveniente para os trabalhadores."
William Salasar, superintendente de Comunicação Social da Febraban (São Paulo, SP)

Demografia e mazelas
"Não me surpreende que tenha sido justamente o jornalista Elio Gaspari aquele que finalmente colocou a discussão sobre a relação entre fecundidade e pobreza no seu devido lugar ("Ao andar de cima, anistia. Ao de baixo, camisinha", Brasil, 13/10). É bom constatar que alguém desta Folha supera a visão conservadora de que o problema da pobreza são os pobres. Ao lembrar que, especialmente em áreas mais populares como são as favelas, outros fatores, como a migração, contribuem -e muito- para o crescimento da população e ao nos fazer chegar à óbvia, mas geralmente esquecida, constatação de que, mesmo com a grande queda da fecundidade no Brasil, nunca fomos tão desiguais, o preeminente e arguto jornalista restabelece um fato que havia muito tempo outros formadores de opinião -alguns nesta própria Folha- pareciam querer ocultar: os pobres são as vítimas, e não a causa, das mazelas de nossa sociedade."
José Marcos Pinto da Cunha, demógrafo da Unicamp (Campinas, SP)

Indébita
"É fascinante ver como a apropriação indébita e a má gestão de empresas públicas são transformadas em "crise do setor aéreo" e em "dívida". Quando os passageiros embarcam nos aeroportos brasileiros, pagam uma taxa à Infraero. As companhias aéreas não são, nem por um momento, donas desse dinheiro. Por isso a Vasp não tem uma "dívida" com a Infraero. Ela apropriou-se indevidamente de recursos de uma empresa pública. Se fosse um cidadão comum apropriando-se do dinheiro alheio, isso teria o nome de roubo, e o governo não hesitaria em cobrá-lo, em penhorar seus bens e em processá-lo. A Infraero merece uma ação civil pública por má gestão?"
Luiz Prado (Rio de Janeiro, RJ)


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