São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Terror e chantagem
CARLOS DE MEIRA MATTOS
O efeito desse bem montado cenário da ameaça macabra da execução do refém visa provocar enorme comoção, particularmente no país da vítima. Tremendas pressões coletivas de familiares e da população colocam os governos em dificílima opção decisória -ou se desmoralizam, dobrando-se à chantagem, ou serão acusados de impiedosos, indiferentes à morte de seus compatriotas inocentes. Até o momento alguns governos já cederam, retirando suas tropas e organizações do território iraquiano, e salvando reféns. Outros não se submeteram à chantagem e foram obrigados a assistir o assassinato de seus governados. O uso mais recente dessa tática do seqüestro veio se somar ao imenso arsenal de formas de agressão que inunda o território iraquiano -terroristas suicidas, morteiros, foguetes, bombas rudimentares, pequenas e médias armas de fogo, granadas de mão, minas terrestres. Uma estatística recente conta cerca de 3.500 ataques de terroristas ocorridos nos últimos 30 dias em todo o país. O próximo presidente dos Estados Unidos, seja ele Bush ou Kerry, terá diante de si como maior problema o complexo e diabólico cenário atual do terrorismo. Esse é o tema mais agudo que está sendo discutido na calorosa campanha eleitoral que vivem agora os norte-americanos. O presidente Bush e seus principais assessores republicanos -Cheney, Rumsfeld e Condoleeza Rice- são veementemente acusados pelos erros que teriam cometido, quer invadindo o Iraque baseados em justificativas não comprovadas, quer pela má condução política e militar do país neste período pós-invasão. Esses erros seriam a causa principal da expansão do terrorismo. Essas acusações pelos fatos passados, na verdade, pouca importância terão para o próximo presidente eleito. Não importa criticar erros na condução política e estratégica do governo dos Estados Unidos após os fatídicos atentados de 11 de setembro de 2001. O quadro dantesco atual em que se encontra o Iraque será o desafio maior -e o mesmo desafio para qualquer um que seja eleito. Exigirá uma solução pacificadora, uma contenção da carnificina humana, a superação desse horror que aí está. Esse o gigantesco desafio para Bush ou Kerry. Carlos de Meira Mattos, 91, general reformado do Exército e doutor em ciência política, é veterano da Segunda Guerra Mundial e conselheiro da Escola Superior de Guerra. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Gabriel Chalita: Mensagem a quem professa o magistério Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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