São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997.



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O PFL e Maluf

FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Há muita coisa entre o PFL e Paulo Maluf. Mas continua difícil, para não dizer impossível, que os pefelistas embarquem numa candidatura presidencial malufista.
Pelo menos, é essa a versão oficial que se colhe no PFL.
"Não há a mínima chance de Paulo Maluf se candidatar a presidente, principalmente com o apoio do PFL", diz o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Indagado sobre a razão da impossibilidade, ACM elabora: "Porque ele (Maluf) não faz o perfil de presidente que o PFL deseja. O que não impede que ele tenha outras pretensões".
Depois de dizer tudo isso, ACM enfatiza o seu "excelente" relacionamento com Maluf. Não quer semear beligerância entre os dois. Apenas julgou necessário registrar sua posição.
A recente disparada de Maluf na pesquisa Datafolha realizada em São Paulo, na qual o ex-prefeito aparece com 20% das intenções de voto para presidente, atiçou o meio político. Maluf seria a opção à direita de FHC. Uma saída para o "establishment", que ficaria órfão no caso de o atual presidente ir para o beleléu.
O raciocínio é correto. Mas carece de uma análise que inclua as deficiências eleitorais crônicas de Maluf e os interesses hegemônicos do PFL.
Maluf nunca rompeu o "glass ceiling" (teto de vidro) entre si e as regiões Norte e Nordeste, como dizem os norte-americanos para designar barreiras de preconceito. O político paulista até enxerga a parte de cima do país. Sabe o que tem de fazer para entrar lá. Mas não consegue.
Já o PFL não vê hipótese de fracasso para FHC em 98. Mesmo que a economia fique em situação pior do que a atual, os pefelistas avaliam que o eleitorado vai xingar, mas votará, ainda assim, xingando, no atual presidente.
E se, apesar de tudo, FHC afundar, o PFL deseja lançar um dos seus pré-candidatos para 2002: o deputado Luís Eduardo Magalhães, o governador do Paraná, Jaime Lerner, ou o ex-prefeito do Rio César Maia.
Maluf teria de se contentar com aquilo que declarou preferir. Ficaria apenas com o governo de São Paulo.



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