São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Visões da fome
"A afirmação do presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista à BBC Brasil, na qual diz que há casos raros de fome no país, só mostra que ele está completamente por fora da vida normal.
A vida do trabalhador brasileiro desempregado há meses, às vezes há anos, está sendo uma vida de fome, sim."
Rute Bevilaqua (São Paulo, SP)

Consequências da Alca
"A coluna de Paulo Nogueira Batista Jr "A Alca depois das eleições nos EUA e no Brasil" (Dinheiro, pág. B2, edição de ontem) é bem esclarecedora em relação aos problemas que [o acordo] causaria ao povo brasileiro. É evidente que os EUA vão proteger o seu mercado e querer invadir os dos outros.
Assim, as dificuldades mais urgentes dos outros países -desemprego, fome, violência- serão deixadas em segundo plano."
Alonso Bezerra de Carvalho (Marília, SP)

Assassinato e equilíbrio
"Suzane, ao ter premeditado e cometido juntamente com os irmãos Cravinhos, o assassinato de seus pais, praticou o crime de homicídio qualificado. Apesar da indignação de toda a sociedade, vale ressaltar que Suzane, por mais medonho que tenha sido seu crime, tem direito a um julgamento justo, observado a todos os réus, com ampla defesa, contraditório e o duplo grau de jurisdição.
É evidente que nada justifica o praticado, porém, mesmo assim, tem direito assegurado pela Constituição de se defender da melhor forma possível, o que não significa impunidade."
Luciano De Paoli (São Paulo, SP)
 

"Não transmitimos mais princípios ou exemplos às novas gerações, mas apenas bens materiais. Triste sociabilidade moderna, juvenil, adolesceste, egocêntrica, hedonista. Sacralização e efeito perverso da sociedade de consumo. Não foi Suzane que matou seus pais. Ela é que já estava morta, como são "mortos-vivos" os adolescentes para os quais conta somente o instante."
Jorge Barcellos (Porto Alegre, RS)

Aumento de preços
"Em setembro último, o presidente FHC reduziu ou isentou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de diversos itens, como fraldas, absorventes e xampus. A manchete de 13/11 da Folha ("Preço de alimentos tem maior alta em oito anos", Primeira Página) mostra exatamente o exagerado aumento dos produtos. As grandes redes estão cada vez mais faturando, e a população, pagando cada vez mais caro."
Marcelo P. Costa (Mogi das Cruzes, SP)

Presença negra
"A revista "Imprensa" já publicou pesquisa sobre a irrisória presença de jornalistas negros nas redações brasileiras. Não é absurdo supor que a mídia priorize a visão e os interesses da "brancura".
Seria oportuna uma pesquisa de opinião sobre as cotas para negros que informasse a raça do entrevistado. Certamente nem todo afrodescendente será favorável às cotas, nem todo branco será contra."
Jamu Minka (São Paulo, SP)
 

"Li com grande satisfação o editorial "As cotas do PT" (Opinião, 11/11, pág. A2). É fácil concluir, pelos argumentos expostos, que a reserva de vagas, se adotada, se tornará inócua.
Haverá um equilíbrio entre a concorrência dos candidatos do grupo da cota e a dos candidatos do grupo fora da cota, e os menos aptos, independentemente da cor da pele, continuarão sem conseguir entrar na universidade.
Mais proveito haveria reservando-se uma cota de seriedade para o enfrentamento do problema do ensino público, fundamental e médio."
Harley Paiva Martins (João Pessoa, PB)

Participação popular
"Uma liderança honesta pode conseguir muito trabalho extra, sem remuneração. Os prefeitos das cidades, até das mais pobres, podem conseguir, por exemplo, o plantio de árvores junto a mananciais, limpeza de córregos, educação, alimentação e roupas para os carentes. Nesse trabalho, podem surgir até novas e honestas lideranças de que o país está tão necessitado."
Zuleica Seabra Ferrari (São Paulo, SP)

Rebaixamento
"Como todos os palmeirenses, sinto-me apreensivo diante da luta do Palmeiras para escapar de um rebaixamento cada vez mais perto. Entretanto, chama a atenção ler na imprensa a referência à vergonha do rebaixamento.
Cair para a Segunda Divisão é triste, mas não é uma vergonha, porque é do jogo. Grandes clubes como Milan e Manchester United já caíram. Vergonha é virar a mesa. Espero que nestes tempos de mudança o futebol brasileiro respeite as regras e os rebaixados trabalhem para voltar ganhando no campo."
Marco Aurelio Klein (Mairiporã, SP)

Nordeste desamparado
"Parece que tanto o governo quanto a equipe de transição não estão nem um pouco preocupados com o triste destino dos sertanejos nordestinos. A Folha revelou que os repasses de verbas estão atrasados, o governo admitiu o fato e nada se ouviu sobre a opinião da equipe de transição do presidente eleito.
Será que não está sobrando espaço na agenda para tratar do assunto? Se a preocupação de Lula é acabar com o problema da fome, uma pressão para a liberação dos recursos para o Nordeste seria um grande passo nessa direção."
Josué Luiz Hentz (São João da Boa Vista, SP)

Expectativas sobre o PT
"O governo do sr. Luiz Inácio Lula da Silva está conseguindo a façanha de ser medonho antes de ter-se iniciado: o presidente eleito ainda nem tomou posse, e o que estamos observando é a volta da inflação, com aumentos de preços de açúcar, leite, remédios. Enquanto isso, Lula vai ao dentista, modela a barba e convida para seu ministério políticos que o povo não quis eleger."
Carlos Dunham (São Paulo, SP)
 

"Gostaria de dizer ao sr. Sérgio Eduardo Maurer (nota "Lula e a fome", "Painel do Leitor", pág. A3, edição de ontem), com o devido respeito, que, num país que produz 100 milhões de toneladas de grãos por ano, a falta de alimentos por aumento de demanda só pode ser uma falácia neoliberal. Talvez o leitor não tenha percebido que o presidente eleito é de esquerda e que haverá uma mudança de prioridades: agora é a vez do social, não do mercado."
Evandro Alonso Martins (São Paulo, SP)

Mais do mesmo
"A julgar pelo que escreveu na sua coluna do dia 14/11 ["Mais do mesmo", Opinião, pág. A2", parece-me que o sr. Otavio Frias Filho continua em sua campanha anti-PT, pois, como ele mesmo diz, passaram-se apenas 15 dias da eleição e já faz previsões de que o próximo governo não irá mudar quase nada. Quem fez isso não foi este governo que se vai?"
Guilherme Maciel de Bem (Florianópolis, SC)
 

"Muito oportuna a colocação de Otavio Frias Filho ante as propostas iniciais de condução do governo do PT. Não devemos nos surpreender e ser persuadidos por expedientes já existentes que, sob nova roupagem, manipulem a opinião pública."
Willy Kenji Matsumoto (São Paulo, SP)


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