São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 2005 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Gripe aviária: a resposta brasileira
SARAIVA FELIPE
Assim, medidas imediatas têm sido adotadas para restringir ainda mais a entrada de produtos avícolas, a importação de aves exóticas, a intensificação de inquéritos sorológicos em aves migratórias e barreiras que impeçam o contato entre essas aves selvagens e os frangos de criação. Além disso, é imprescindível a notificação imediata pelos produtores de qualquer caso suspeito de gripe aviária. O Brasil foi um dos primeiros países a se mobilizar. Em 2003, foi formado um Comitê Técnico para Elaboração do Plano de Preparação para uma Pandemia de Gripe, com especialistas de diversas áreas. Várias medidas já foram implantadas, como, por exemplo, o fortalecimento da vigilância epidemiológica, que conta atualmente com 46 centros integrantes. Protocolos para treinamento de médicos e outros profissionais de saúde estão prontos, assim como previsão de leitos hospitalares e outras necessidades assistenciais. Encomendamos quantidade suficiente do antiviral e expressamos nosso interesse de avaliar, do ponto de vista técnico e financeiro, a viabilidade de transferência tecnológica para produção nacional. Outra medida relevante é a instalação da planta para fabricação nacional da vacina contra gripe. Fruto de parceria com o governo de São Paulo e investimentos de mais de R$ 30 milhões, o Instituto Butantan está construindo uma fábrica moderna para a vacina utilizada nas campanhas anuais, dentro de acordo de transferência tecnológica com o laboratório Sanofi-Pasteur. A unidade estará pronta no final de 2006 e capacitada, se houver uma emergência, para a fabricação da vacina contra o vírus da pandemia já no início do ano. O Brasil será um dos primeiros países em desenvolvimento a ter auto-suficiência na produção da vacina contra a gripe tanto para o uso nas campanhas como para uma eventual pandemia. Apresentei nosso plano no mês passado, na Reunião Ministerial sobre Cooperação Global, em Ottawa, no Canadá, com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e ministros da Saúde de 30 países com papel de lideranças regionais. Defendi a necessidade de atuação em rede dos países para fortalecer a vigilância em escala mundial e a facilitação do acesso às vacinas e aos medicamentos antivirais, particularmente para países mais pobres. Estamos diante de um problema global que só será adequadamente enfrentado num ambiente de solidariedade e transparência, que garanta a mobilização de recursos técnicos e financeiros para uma ação rápida e oportuna. De amanhã até 18 de novembro, reuniremos, no Rio de Janeiro, autoridades e especialistas do mundo inteiro para divulgar e discutir as medidas do Plano Nacional. É importante ressaltar que a população não está desprotegida. Nenhum país está livre do risco da gripe aviária ou até mesmo de uma pandemia. No entanto, o Brasil, atuando de maneira articulada com outros países e organismos internacionais, está atento para efetivamente reduzir os riscos de ocorrência de uma pandemia de gripe e de suas conseqüências. Saraiva Felipe, 53, médico sanitarista, é o ministro da Saúde. É professor licenciado de medicina preventiva e social da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), deputado federal licenciado (PMDB-MG) e ex-secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (1989-1990). Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Ives Gandra da Silva Martins: Os bancos e o direito do consumidor Índice |
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