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CLÓVIS ROSSI
Devolvam meu ingresso
SÃO PAULO - Lembra-se do espetáculo do crescimento, prometido
pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva já em maio de 2003, no quinto
mês de seu primeiro mandato? Não
se lembra? Não se preocupe, não é
um ataque daquele alemão maldito,
o Alzheimer. É que simplesmente
não houve o espetáculo.
Nem em 2003, nem em 2004,
nem em 2005, nem em 2006. Houve, é verdade, uma pré-estréia mixuruca, em 2004, e logo as cortinas
baixaram para nunca mais subir.
Agora, vem o Ipea (Instituto de
Pesquisas Econômicas Aplicadas) e
joga o "espetáculo" para o governo
do sucessor do sucessor de Lula, ou
seja, para 2017.
Mesmo assim não será O "espetáculo", mas um crescimento da ordem de 5% ao ano, quando um empresário que Lula vem acarinhando
como poucos, Jorge Gerdau, pede
7% como piso.
Vai ver que o Ipea (subordinado
ao Ministério do Planejamento) faz
parte da tal "conspiração das elites
e da mídia", que os desocupados e
hidrófobos do lulo-petismo (e o
próprio presidente, às vezes, conforme o público) enxergam cada
vez que os fatos não combinam com
seus argumentos e desejos.
Pode ser que o Ipea esteja certo,
pode ser que esteja errado. Previsões econômicas são, especialmente no Brasil, o mais próximo de bruxaria que pode existir. Ainda mais
que economia está longe, mas muito longe, de ser ciência exata.
Basta ver a quantidade de vezes
que os "bruxos" já mexeram na sua
previsão de crescimento só para este ano. Imagine então se um deles,
Ipea inclusive, é capaz de enxergar
tão longe quanto 2017.
É como diz o ministro Guido
Mantega sobre a previsão: "Essa é a
opinião do Ipea, que é um órgão de
estudos e projeção e tem a opinião
dele. Nossa opinião é diferente".
Se, em vez de opinião, tivesse dito
palpite, teria acertado. Pena que
palpite só faça crescer um negócio,
o das loterias, aliás abundantes.
crossi@uol.com.br
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