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CARLOS HEITOR CONY
Culpa e responsabilidade
RIO DE JANEIRO - O apagão da
semana colocou, entre outros temas, a discussão sobre a culpa e a
responsabilidade pela pane no sistema de energia para todo o país. O
governo está botando a culpa nas
condições meteorológicas: raios,
ventos e chuvas teriam afetado as
linhas de transmissão. Embora não
haja ainda uma explicação definitiva para o desastre, é possível que
a culpa seja da natureza, uma vez
que não houve até agora prova de
deficiência técnica ou suspeita de
sabotagem.
Mas a responsabilidade não é da
natureza. É do governo mesmo, do
atual e dos anteriores. Não seria o
caso de tornar o apagão um cabo
eleitoral para as próximas eleições
presidenciais, fazendo da pane um
argumento brandido contra situação e oposição. Afinal, houve apagão nos tempos do PSDB no poder e
é ridículo medir com uma fita métrica os danos causados por um ou
outro acidente no abastecimento
de energia elétrica.
Ambos revelaram que a questão
não encontra prioridade nos planos
de governo. Basta lembrar que o
atual não empregou a verba destinada ao problema em sua totalidade, ficando nos 38% apenas, aplicando a verba restante em outras
prioridades.
Um colapso como o da semana
que passou deve alertar autoridades e candidatos a autoridade. A
fragilidade das linhas de transmissão, apesar da tecnologia alcançada
no setor, continuará exposta a
raios, coriscos e trovões, a menos
que sejam criadas alternativas -linhas auxiliares que custarão uma
fortuna e talvez não sejam, tecnicamente, a melhor solução.
O fato é que o apagão revelou o
descaso na aplicação das verbas necessárias para impedir o colapso. A
culpa -ou a causa- pode ter sido
da natureza, mas a responsabilidade é mesmo do governo.
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