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EMÍLIO ODEBRECHT
Olhando para a Amazônia
PASSADA A CRISE , o desafio
que o Brasil tem de crescer de
forma sustentável depende
primordialmente das questões ambientais. Um fator crítico é a Amazônia Legal, a parte do país coberta
pela maior floresta tropical do
mundo.
Esse território abriga uma extraordinária riqueza: enorme biodiversidade, jazidas minerais, rios
caudalosos, água doce em abundância, florestas de madeiras de lei.
Como explorar, sem colocar em
risco, um patrimônio cuja maior
parte é brasileiro, mas impacta toda a humanidade?
Sabemos que a pecuária e a agricultura em larga escala não são
adequadas para aquela área. O solo
amazônico é pobre, e a umidade,
associada a altas temperaturas,
torna o gado ali criado presa fácil
de doenças e até da exaustão.
Já o extrativismo com manejo
adequado é absolutamente viável,
como várias experiências conhecidas demonstram, inclusive de exploração da madeira, a atividade
mais controversa.
A utilização do potencial hídrico
para gerar energia e a mineração
são alvos de críticas nos debates
onde o conhecimento tecnológico
e o domínio dos meios de conservação e de mitigação de danos normalmente são sufocados pelo ativismo emocional e pobre de ideias.
Entretanto, hidrelétricas, hoje,
podem ser construídas em rios da
região sem que causem desequilíbrios ambientais ou ameacem
ecossistemas.
As grandes mineradoras que
operam por lá dominam integralmente o ciclo do desmatamento,
produção do minério, cultivo de espécies nativas, reposição da terra
vegetal nas áreas das minas já
exauridas e replantio nos locais
que foram desmatados. A recomposição da floresta tem sido muito
bem-sucedida.
Ocorre que a Amazônia não vem
sendo destruída por empresas que
funcionam dentro da legalidade. A
destruição é fruto da ação deletéria
dos que se aproveitam do vazio
para perpetrar crimes contra a
natureza.
E este é o ponto crucial. Desocupada como é hoje, a região está sob
risco, risco este potencializado pela ausência do Estado, no caso do
Brasil, tão ligeiro na criação de leis
e regulamentos e tão lento e ausente na aplicação e na fiscalização.
Reconheçamos que não é fácil o
acompanhamento e o controle do
que se faz em uma área com a dimensão da Amazônia. Mas as dificuldades logísticas reforçam a
prioridade que deve ser dada à sua
ocupação racional.
Apenas a exploração sustentável
de suas riquezas e a melhoria das
condições de vida da população
local -hoje, em sua grande maioria, vivendo no limite da subsistência- farão com que a Amazônia
seja conservada para as gerações
futuras.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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