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Continuidade paulista
Evitar retrocessos em áreas como a segurança e avançar na educação e no transporte são alguns dos desafios do governo de Geraldo Alckmin
Com a derrota de José Serra na
campanha presidencial, o governo de São Paulo adquire renovada
importância para Geraldo Alckmin e seu partido, o PSDB. Os tucanos estarão à frente do Estado
pela quinta vez consecutiva. Da
eleição de Mário Covas, em 1994,
até o final do próximo mandato,
que se inicia em janeiro, serão 20
anos de governos peessedebistas.
Em linhas gerais, o saldo dessa
experiência administrativa é positivo. São Paulo mantém-se numa
posição de liderança na economia, com cerca de um terço do PIB
nacional, o interior se modernizou, e a capital, com os problemas
conhecidos, consolida-se como
metrópole global, com vocação
cosmopolita, voltada para os negócios e o setor de serviços.
Há, no entanto, desafios em
frentes de responsabilidade do governo estadual que interferem diretamente na vida da população.
A qualidade do ensino público é
uma delas -e tem sido apontada
como o calcanhar de Aquiles da
gestão tucana. Coincidência ou
não, é uma área em que não predominou a continuidade de políticas públicas ao longo dos sucessivos governos do mesmo partido.
Em meados dos anos 90, quando Covas assumiu, o maior desafio
ainda era universalizar o acesso.
Hoje, ao menos no ciclo fundamental, o problema está resolvido. O objetivo passou a ser a oferta
de educação qualificada.
A premiação dos docentes por
critérios de desempenho e mérito,
iniciada em 2007, é um avanço,
mas Alckmin terá de enfrentar o
problema dos professores temporários e não concursados, que representam 46% de todos os docentes da rede.
Já no ensino médio, o quadro é
mais grave. Cerca de 10% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estão
fora da escola. Além disso, segundo a avaliação estadual, os estudantes do terceiro ano, em tese aptos a ingressar na universidade,
não conseguem nem a nota esperada para a oitava série.
O contraponto mais visível ao
insucesso dos tucanos na educação são os resultados positivos obtidos na segurança. No final dos
anos 90, os homicídios chegavam
a 35,7 por 100 mil habitantes no
Estado; hoje, a taxa oscila em torno de 10 por 100 mil.
A sensação de insegurança, no
entanto, ainda está presente no
cotidiano dos paulistas, que não
esqueceram a onda de ataques
promovida em 2006 por uma facção criminosa.
Alckmin tem a responsabilidade de zelar pelo avanço no combate ao crime e de evitar, ao mesmo
tempo, qualquer risco de retrocesso no enfrentamento da corrupção dentro da polícia. Não há nada
que obrigue o governador, ainda
em fase de definição de sua equipe, a manter no cargo o atual secretário da Segurança -embora
fosse desejável dar continuidade à
política de moralização dos quadros policiais por ele conduzida.
Espera-se, da mesma forma,
que os esforços de melhoria do
transporte público tenham prosseguimento.
Em 2011, a rede de metrô deve
atingir 78 km na capital. Houve investimento inédito nessa área nos
últimos anos, mas a malha metroviária ainda está longe de atender
às necessidades da população.
Nesse setor, é de esperar a criação
de uma autoridade metropolitana
que favoreça padrões de gestão
mais racionais e menos conflituosos da malha pública, que envolve
dezenas de municípios na área da
Grande São Paulo.
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