São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2010

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Continuidade paulista

Evitar retrocessos em áreas como a segurança e avançar na educação e no transporte são alguns dos desafios do governo de Geraldo Alckmin

Com a derrota de José Serra na campanha presidencial, o governo de São Paulo adquire renovada importância para Geraldo Alckmin e seu partido, o PSDB. Os tucanos estarão à frente do Estado pela quinta vez consecutiva. Da eleição de Mário Covas, em 1994, até o final do próximo mandato, que se inicia em janeiro, serão 20 anos de governos peessedebistas.
Em linhas gerais, o saldo dessa experiência administrativa é positivo. São Paulo mantém-se numa posição de liderança na economia, com cerca de um terço do PIB nacional, o interior se modernizou, e a capital, com os problemas conhecidos, consolida-se como metrópole global, com vocação cosmopolita, voltada para os negócios e o setor de serviços.
Há, no entanto, desafios em frentes de responsabilidade do governo estadual que interferem diretamente na vida da população.
A qualidade do ensino público é uma delas -e tem sido apontada como o calcanhar de Aquiles da gestão tucana. Coincidência ou não, é uma área em que não predominou a continuidade de políticas públicas ao longo dos sucessivos governos do mesmo partido.
Em meados dos anos 90, quando Covas assumiu, o maior desafio ainda era universalizar o acesso. Hoje, ao menos no ciclo fundamental, o problema está resolvido. O objetivo passou a ser a oferta de educação qualificada.
A premiação dos docentes por critérios de desempenho e mérito, iniciada em 2007, é um avanço, mas Alckmin terá de enfrentar o problema dos professores temporários e não concursados, que representam 46% de todos os docentes da rede.
Já no ensino médio, o quadro é mais grave. Cerca de 10% dos jovens entre 15 e 17 anos ainda estão fora da escola. Além disso, segundo a avaliação estadual, os estudantes do terceiro ano, em tese aptos a ingressar na universidade, não conseguem nem a nota esperada para a oitava série.
O contraponto mais visível ao insucesso dos tucanos na educação são os resultados positivos obtidos na segurança. No final dos anos 90, os homicídios chegavam a 35,7 por 100 mil habitantes no Estado; hoje, a taxa oscila em torno de 10 por 100 mil.
A sensação de insegurança, no entanto, ainda está presente no cotidiano dos paulistas, que não esqueceram a onda de ataques promovida em 2006 por uma facção criminosa.
Alckmin tem a responsabilidade de zelar pelo avanço no combate ao crime e de evitar, ao mesmo tempo, qualquer risco de retrocesso no enfrentamento da corrupção dentro da polícia. Não há nada que obrigue o governador, ainda em fase de definição de sua equipe, a manter no cargo o atual secretário da Segurança -embora fosse desejável dar continuidade à política de moralização dos quadros policiais por ele conduzida.
Espera-se, da mesma forma, que os esforços de melhoria do transporte público tenham prosseguimento.
Em 2011, a rede de metrô deve atingir 78 km na capital. Houve investimento inédito nessa área nos últimos anos, mas a malha metroviária ainda está longe de atender às necessidades da população. Nesse setor, é de esperar a criação de uma autoridade metropolitana que favoreça padrões de gestão mais racionais e menos conflituosos da malha pública, que envolve dezenas de municípios na área da Grande São Paulo.


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