São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Villas Bôas
"Com a morte de Orlando Villas Bôas, hoje estão de luto não só as comunidades indígenas do Brasil, mas todos os brasileiros que acompanharam o trabalho dele com essas comunidades. O que poucos sabem é que Villas Bôas morreu bem antes, quando foi demitido da Funai. Quando impedimos alguém de fazer o que gosta equivale a matá-lo. Faço minha homenagem a esse grande homem, que entrou para a história do Brasil e que merece o respeito de todos."
Sandro Henrique Geraldi de Castro (Curitiba, PR)

"A morte de Orlando Villas Bôas, além de trazer tristeza e pesar para toda a sociedade que respeita seu trabalho, representa uma imensurável perda para as sofridas comunidades indígenas. Perdem os índios um de seus maiores defensores e o "grande pai branco". Com a sua morte, as nações indígenas e as pessoas conscientes e engajadas de todo o mundo estão de luto. A causa indígena e, consequentemente, a causa ambiental estão, a partir de agora, mais fragilizadas em suas lutas pela preservação do nosso tão dilapidado patrimônio socioambiental."
Antonio Silveira R. dos Santos (São Paulo, SP)

Ciência
"Muito bom o artigo "Ciência, tecnologia e política industrial", do professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite ("Tendências/Debates", pág.A3, 13/12). Ao contrário de outros artigos sobre o assunto publicados na mesma coluna, esse aborda o tema de forma clara e mostra que a atual política tecnológica adotada no Brasil precisa mudar. Apenas como complemento, é importante lembrar que não basta o governo fornecer incentivos para o desenvolvimento da pesquisa científica na indústria se os empresários não mudarem o seu modo de pensar. Há hoje um bom número de doutores e mestres desempregados que poderiam estar trabalhando na indústria, desenvolvendo produtos e tecnologia para o país. O governo pode (e deve) incentivar a pesquisa na indústria, mas tem como obrigar o empresário a contratar a mão-de-obra qualificada já disponível no mercado. É preciso que os empresários entendam que investimento em pesquisa é a única forma de tornar suas indústrias competitivas, o que implica a criação de laboratórios de pesquisa e a contratação de doutores e mestres."
Marcos Gugliotti, doutor em química desempregado (São Paulo, SP)

Escola
"A seção "Painel" (Brasil, pág. A4) de 13/12 veiculou nota atribuindo a minha pessoa veto ao projeto que dava o nome de Carlos Lamarca a uma escola municipal. Mas a nota não divulgou o motivo dessa atitude. Esclareço, assim, que o veto se impunha por razões de ordem legal, pois o projeto não estava acompanhado do abaixo-assinado nem da deliberação favorável do Conselho Escolar em apoio ao nome proposto -como exige a lei municipal que disciplina a matéria."
Hélio Bicudo, vice-prefeito de São Paulo (São Paulo, SP)

Condenação
"A condenação de Marco Antônio Tavares, assassino de Marlene Aparecida Moraes -e a perda de seu cargo público de juiz-, é uma sinalização para a sociedade: homens não têm o direito de tirar a vida de suas companheiras em nenhum caso; ninguém que ocupe uma posição de poder, como um juiz, tem mais direitos do que os demais cidadãos. Congratulo-me com os 24 desembargadores que, por unanimidade, condenaram o agora ex-juiz."
Eva Blay, professora titular de sociologia da USP, coordenadora científica do Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero da USP (São Paulo, SP)

Criança
"A reportagem "Deixe brincar" (Folha Equilíbrio, 12/12) aborda um importantíssimo tema: a liberdade para brincar que os adultos devem dar às crianças. Ofereço os meus cumprimentos aos autores do texto e principalmente a minha admiração à dona "Terezita" por adotar em sua escola filosofia tão antiga e sábia, o que deve servir de exemplo aos demais estabelecimentos de ensino pré-escolar -principalmente aos da rede particular. Muitos pais, infelizmente, demonstram uma preocupação excessiva com o futuro de seus filhos, tornando-os mini-executivos sem tempo para ser crianças. Esquecem-se de que as crianças que preenchem o dia todo com atividades podem se tornar adultos que não sabem aproveitar o tempo livre, pois foram condicionadas a ter todos os momentos do dia repletos de afazeres. Por outro lado, as pré-escolas particulares, tirando proveito dessa preocupação, oferecem aos pais verdadeiros pacotes de atividades destinados a preencher o tempo livre dos alunos. Assim, a criança -que deixa de ser criança- passa a conviver com aulas de línguas, de dança, de teatro, de artes marciais etc. Puro mercantilismo. Uma clara evidência da atitude errada de certos pais nos foi dada pelo caso de uma famosa ginasta internacionalmente que acionou seus pais, cobrando deles os anos de sua infância podados pela ânsia de transformá-la numa celebridade mundial. Nunca é demais lembrar: criança tem de ser criança."
Daura Elisa Rigolin (Curitiba, PR)

174
"Foi lamentável a absolvição dos policiais militares acusados da morte de Sandro do Nascimento, o sequestrador do ônibus 174, no Rio. Tal decisão é injusta, imoral e atenta contra os direitos humanos e contra a dignidade da pessoa humana. Sandro deveria ter sido julgado, defendido e, se condenado, punido, mas sempre de acordo com a lei. Nem a "Velhinha de Taubaté" acreditaria na versão da defesa dos policiais. Tal decisão aberrante é um retrocesso, uma mácula e um triste retrato da ideologia dominante no Brasil. Bem-vindos à barbárie, ao fascismo, ao vale-tudo."
Renato Isnard Khair (São Paulo, SP)

BC
"Cumprimento o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, pela nomeação de Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central. Já que Meirelles fazia parte do arquiinimigo partido tucano, Lula preferiu competência a convicções políticas. Henrique Meirelles possui proficiência na administração financeira internacional e credenciais para o cargo."
Luiz Gonzaga Bertelli Júnior (São Paulo, SP)

Embraer e estrelinha
"Voar ao encontro de Bush num jato da Embraer e, assim, promover a nossa indústria aeronáutica foi um esforço louvável do presidente eleito. O mesmo não se pode dizer da idéia de usar na lapela uma estrelinha do PT. A indústria brasileira de "pins" e "bottons" merecia ser promovida lá fora com uma bandeira do Brasil."
Fernando De Matini (São Paulo, SP)


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