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VINICIUS TORRES FREIRE
A privatização do PT
SÃO PAULO - Privatizações mal explicadas, grampos de baixas conversas de altos servidores públicos, negócios suspeitos com empresas privadas
e financiamento ilegal de campanhas
políticas foram ingredientes de vários
escândalos dos anos FHC.
Não se trata de relação que espante
pela originalidade. A lista descreve a
Prefeitura de Paris dominada pelo
hoje presidente francês Jacques Chirac. Ou o ambiente da Washington
de Nixon, Reagan ou Bush, filho.
Trata-se do mínimo denominador
comum da corrupção política.
A modesta Prefeitura de Santo André parece a Brasília tucano-pefelê.
Essa mistura ainda inexplicada de
assassínio e corrupção começou numa pequena privatização, de US$ 7
milhões. Foi em 1997, quando Celso
Daniel privatizou o serviço de ônibus,
no seu primeiro ano de prefeito, e
trouxe para perto de si um grupo hoje
acusado de extorsão, propina e desvio de dinheiro público.
O consórcio que obteve a concessão
do serviço de ônibus, o Expresso Nova
Santo André, tinha como sócio Ronan Pinto, proprietário ainda de empresas de serviços de lixo e obras,
também acusadas de ser beneficiárias de contratos ilegais com a prefeitura de Santo André.
Ronan é amigo de Sérgio Gomes da
Silva, o Sombra, acusado de contratar sequestro e morte de Daniel. Ronan e Silva são ainda acusados de extorquir empresários que queriam negócios com a prefeitura.
Miriam Belchior, ex-mulher de Daniel, assessora de Lula encarregada
de avaliar ministros, e Gilberto Carvalho, assessor íntimo de Lula, eram
da equipe de Daniel na prefeitura.
Belchior e Carvalho são acusados,
sem evidência material alguma até
agora, de saber da corrupção. Sombra é acusado, sem evidência material até agora, de ordenar a morte de
Daniel.
Toda a história é ligada por um fio
que parte de uma modesta privatização e chega à cúpula do governo federal. Os nós que amarram esse fio são
corrupção e homicídio. O PT vai desatá-los ou vai enterrar o escândalo,
como os tucanos?
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