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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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VINICIUS TORRES FREIRE

A privatização do PT

SÃO PAULO - Privatizações mal explicadas, grampos de baixas conversas de altos servidores públicos, negócios suspeitos com empresas privadas e financiamento ilegal de campanhas políticas foram ingredientes de vários escândalos dos anos FHC.
Não se trata de relação que espante pela originalidade. A lista descreve a Prefeitura de Paris dominada pelo hoje presidente francês Jacques Chirac. Ou o ambiente da Washington de Nixon, Reagan ou Bush, filho. Trata-se do mínimo denominador comum da corrupção política.
A modesta Prefeitura de Santo André parece a Brasília tucano-pefelê.
Essa mistura ainda inexplicada de assassínio e corrupção começou numa pequena privatização, de US$ 7 milhões. Foi em 1997, quando Celso Daniel privatizou o serviço de ônibus, no seu primeiro ano de prefeito, e trouxe para perto de si um grupo hoje acusado de extorsão, propina e desvio de dinheiro público.
O consórcio que obteve a concessão do serviço de ônibus, o Expresso Nova Santo André, tinha como sócio Ronan Pinto, proprietário ainda de empresas de serviços de lixo e obras, também acusadas de ser beneficiárias de contratos ilegais com a prefeitura de Santo André.
Ronan é amigo de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, acusado de contratar sequestro e morte de Daniel. Ronan e Silva são ainda acusados de extorquir empresários que queriam negócios com a prefeitura.
Miriam Belchior, ex-mulher de Daniel, assessora de Lula encarregada de avaliar ministros, e Gilberto Carvalho, assessor íntimo de Lula, eram da equipe de Daniel na prefeitura.
Belchior e Carvalho são acusados, sem evidência material alguma até agora, de saber da corrupção. Sombra é acusado, sem evidência material até agora, de ordenar a morte de Daniel.
Toda a história é ligada por um fio que parte de uma modesta privatização e chega à cúpula do governo federal. Os nós que amarram esse fio são corrupção e homicídio. O PT vai desatá-los ou vai enterrar o escândalo, como os tucanos?


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