São Paulo, quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

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FOI POUCO

O comitê de Política Monetária do Banco Central optou, conforme antecipava a maioria dos analistas, por reduzir a taxa de juros básica da economia em apenas meio ponto percentual. A decisão conservadora, tomada em reunião encerrada ontem, leva a taxa Selic a 18% ao ano -e a mantém, por larga margem, entre as mais altas do planeta.
A decepção com a decisão é reforçada pela constatação de que havia condições amplamente favoráveis para uma redução maior.
As expectativas de inflação estão sob controle, com o mercado projetando para 2006, em média, uma alta de preços ao consumidor de 4,5%, exatamente o nível almejado pela autoridade monetária. Isso evidencia a convicção generalizada de que alguns aumentos recentes foram causados por pressões pontuais, que devem se dissipar ao longo do tempo.
Paralelamente, a atividade econômica continua pouco dinâmica. As vendas do varejo em outubro, por exemplo, mantiveram-se praticamente estagnadas em relação a setembro, conforme revelou pesquisa do IBGE divulgada ontem.
Um terceiro aspecto também aponta para a conveniência de acelerar o ritmo de redução da taxa de juros: a evolução da cotação do dólar.
Há algumas semanas o Banco Central abandonou, enfim, sua atitude passiva diante do movimento de queda progressiva do dólar, que vem criando justificadas preocupações acerca de seus impactos adversos sobre a competitividade da produção nacional no mercado externo. Visando a frear esse movimento, o BC voltou a comprar grandes volumes de divisas e retomou operações financeiras que equivalem a comprar dólares no mercado futuro.
O ponto é que tais ações têm apresentado baixa eficácia, além de implicarem elevado ônus para as contas públicas. Mais eficaz e menos custoso seria acelerar o corte de juros, desestimulando as gigantescas operações especulativas que têm puxado para baixo a cotação do dólar.


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