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FORA DO FMI
A quitação antecipada da dívida brasileira com o FMI deverá
gerar ganhos financeiros e políticos
para o governo. Além da economia
de US$ 900 milhões, que seriam gastos com juros, o Brasil lança um sinal
positivo para os mercados e para as
agências de avaliação de risco.
A equipe econômica pode apresentar a decisão como prova do acerto de
suas políticas -o que não é- e o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
em sua obsessão de medir-se com
Fernando Henrique Cardoso, estará
à vontade para dizer que, enfim, livrou o país do FMI, depois de três
acordos firmados com a instituição
por seu antecessor.
É legítimo e faz parte do jogo que o
governo ressalte seus méritos e procure ganhar dividendos políticos,
mas as circunstâncias que favoreceram a liqüidação do empréstimo são
fruto de processos que transcendem
a atuação da equipe econômica.
A antecipação do pagamento se
inscreve no contexto de um forte
ajuste das contas externas brasileiras, que teve início com a desvalorização do real ainda no governo anterior. O câmbio mais favorável, aliado
ao impressionante desempenho do
comércio mundial, puxado especialmente pela China e pelos Estados
Unidos, permitiu à economia brasileira -que reage rapidamente a estímulos- sair de uma situação externa precária para gerar elevados saldos na balança comercial.
Outro aspecto importante é a combinação da farta disponibilidade de
recursos internacionais para investimentos financeiros com as taxas de
juros elevadíssimas oferecidas pelo
Brasil. As apostas especulativas aumentam a oferta de moeda estrangeira e ajudam a pressionar para baixo a cotação do dólar.
Nesse quadro, o BC compra divisas
no mercado, aumenta suas reservas e
aproveita a oportunidade para encerrar os compromissos com o FMI. É
uma decisão positiva, mas não ao
ponto de transformar em virtude o
que, no essencial, é vício -ou seja, a
política de juros altos e câmbio valorizado que prejudica o setor produtivo e o crescimento econômico.
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