São Paulo, quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Por um transporte menos poluente em SP

EDUARDO JORGE MARTINS ALVES SOBRINHO e MARCELO CARDINALE BRANCO


A penalização àqueles que não cumprem a legislação ajudará a garantir recursos para ações de mitigação aos danos ambientais na cidade


Sete milhões de veículos. Essa é a estimativa de veículos registrados na cidade de São Paulo em 2011.
Nesse cenário, é preciso considerar que alguns não rodam mais e que os demais não rodam todos ao mesmo tempo. Porém, a consequência direta de uma frota circulante que chega a 3,8 milhões de veículos é a ampliação dos problemas de poluição do ar e do aquecimento global.
Um estudo do Laboratório de Poluição da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo estima que 12 mil internações e 875 mortes ocorram por ano devido aos poluentes expelidos por todos os meios de transporte da cidade.
A Prefeitura de São Paulo tem implantado e discutido medidas a partir da Secretaria Municipal de Transportes e da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, levando em conta toda a cadeia dos transportes.
Ou seja, ao adotar um ônibus movido a etanol, é analisado que, além de emitir cerca de 70% menos gás carbônico que o diesel, o álcool ajuda a resgatar carbono com as plantações de cana-de-açúcar.
Adota-se o etanol graças aos benefícios de todo o ciclo.
Essa lógica é válida também para outras alternativas, como os ônibus elétricos, híbridos, movidos a nitrogênio ou a biodiesel, bicicletas e o metrô, no qual a prefeitura, pela primeira vez nas últimas décadas, está investindo R$ 2 bilhões.
Tais tecnologias são mais caras que os velhos ônibus a diesel. No entanto, a comparação deve ser macroeconômica: outros gastos devem ser calculados. Por exemplo, as doenças oriundas da poluição custam US$ 190 milhões por ano para a cidade.
Se, de um lado, a preocupação com o transporte público é permanente, não são ignorados os demais veículos da frota paulistana. Implantado em 2008, o Programa de Inspeção Ambiental Veicular fiscaliza os limites de emissões dos vários tipos de escapamentos. Em 2009, os resultados foram promissores. Era como se 500 mil carros poluidores tivessem saído de circulação. Neste ano, todos os carros devem passar pela inspeção, e radares irão detectar os veículos que não fizeram sua parte.
Com essas medidas, a prefeitura quer levar as pessoas à inspeção.
Mas a penalização àqueles que não cumprem a legislação ajudará a garantir recursos para ações de mitigação aos danos ambientais.
O montante arrecadado com as multas aos veículos que não fizeram a inspeção estará vinculado ao Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Destinado a projetos socioambientais para a cidade, o fundo irá ajudar a ampliar as ações ambientais voltadas para o transporte público. A prefeitura deseja que não haja uma multa sequer por falta de inspeção. Mas as que forem registradas gerarão recursos que contribuirão para um ar mais limpo.

EDUARDO JORGE MARTINS ALVES SOBRINHO, 60, médico sanitarista, é secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo. Foi secretário de Saúde nas gestões Luiza Erundina e Marta Suplicy.
MARCELO CARDINALE BRANCO, 43, administrador de empresas, é secretário municipal de Transportes de São Paulo. Foi presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e secretário municipal de Infraestrutura e Obras.

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