São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 2011

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CARLOS HEITOR CONY

DNA das tragédias

RIO DE JANEIRO - Todas as vezes em que ocorrem tragédias naturais, como a erupção do Vesúvio, em 79, o terremoto de Lisboa, em 1755, o de São Francisco, em 1906 (estou citando os mais espetaculares), e mais recentemente o do Haiti, cria-se uma oportunidade para se indagar não se sabe a quem: "E Deus? O que tem Deus a ver com isso?"
Bem, se Deus não existe, evidente que ele não tem nada com isso. Mas se existe, e governa não apenas o mundo natural mas também o destino de cada um de nós, por que consente ou patrocina tragédias como as citadas, sem falar nas guerras que contam com a participação da própria humanidade?
Temos o antecedente do Dilúvio, narrado com detalhes na Bíblia, uma obra metafórica, mas referência única dos tempos em que não havia uma crônica historicizada dos primeiros tempos do homem na Terra.
O motivo do Dilúvio está claro: a concupiscência dos homens em relação às mulheres e vice-versa. A humanidade toda desapareceu nessa enxurrada, salvando-se apenas uma família e alguns animais. Não foi uma tragédia localizada, mas geral, tentando criar uma nova raça de homens e mulheres que agradassem ao Senhor.
Pulando para Friburgo, Teresópolis e Petrópolis, não creio que os habitantes da região serrana do Rio tenham tamanha culpa no cartório. As enchentes, não sendo culpa de Deus nem dos moradores locais, teria de ser de alguém: das autoridades, em primeiro lugar.
Não me consta que o governador Sérgio Cabral tenha poderes tais e tantos para criar um temporal de grande porte, nem mesmo uma chuvinha refrescante. Mas, se não há efeito sem causa, alguma causa material e moral deve haver no DNA desta tragédia. Se a culpa não foi de Deus nem do Sérgio, todos temos uma parcela de responsabilidade nessas tragédias.


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