São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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PAINEL DO LEITOR

Falha nossa
"Durante anos o governo teimou em manter sua política de sobrevalorização cambial, com desvalorizações milimétricas de 0,6% ao mês. Em nome dessa política temerária, que pretensamente seria a salvação do país, produziu um déficit externo em transações correntes de US$ 35 bilhões, o segundo maior do planeta, elevou a dívida pública a US$ 320 bilhões, baixou as reservas do país em mais de US$ 30 bilhões e contraiu um recente empréstimo de US$ 41,5 bilhões.
De quebra, produziu um desemprego monstruoso e a destruição de parte da indústria nacional. Agora, no meio de uma crise, com o risco de jogar o país no caos, dá o dito pelo não dito e diz: "Desculpem nossa falha'. O presidente da República e a equipe econômica deveriam ser processados por crime de responsabilidade."
Agostinho Sebastião Spinola (São Paulo, SP)

Sem direito de vacilar
"O editorial de capa da Folha de 14/1 colocou o nó górdio da crise econômica como sendo a questão fiscal. Será mesmo verdade? É preciso ir mais fundo para tornar transparente ao povo que o nó górdio da crise são os políticos brasileiros, que de longa data vêm enganando a nação descaradamente. Todas as reformas necessárias (da Constituição, política, do Estado, administrativa, fiscal, tributária, previdenciária etc.) são proteladas e quando vêm à tona são discutidas e manipuladas segundo os interesses pessoais ou de grupos. O Brasil precisa de uma imprensa grande para desmascará-los perante os eleitores. Colocar o nó górdio da crise na reforma fiscal continua sendo enganação."
Pedrito Fábis (Campinas, SP)

"A Folha, no editorial de capa em 14/1, tacha o governador de Minas Gerais de irresponsável. Irresponsável é aquele que satisfaz os caprichos mesquinhos de especuladores estrangeiros, enquanto seu povo passa necessidades.
Afirma mais adiante que o nó está na questão fiscal. Pergunto: como resolver a "questão fiscal' num país em que em dois terços de seus Estados as empresas (cujos empresários são os políticos locais) têm incentivos fiscais?
Como mudar essa situação, se esses mesmos dois terços de Estados incentivados também têm dois terços de representatividade no Congresso Nacional? Este é um país em que em apenas um terço dos Estados as empresas são obrigadas a pagar impostos. E, destas, pelo menos dois terços sonegam.
Como é possível evitar a falência dos 10% ou 20% de empresários que pagam impostos e dos que obtiveram empréstimos externos para produzir? Como é possível reduzir as desigualdades sociais com os pobres pagando mais impostos do que os ricos?"
Américo Garcia Parada Filho (Peruíbe, SP)

"Cumprimentando a Folha pelo editorial "Sem direito de vacilar', informo que solicitei sua transcrição nos anais da Câmara dos Deputados. Como bem expressa o texto, o momento que vivemos não autoriza hesitação, seja do Executivo ou do Legislativo. Qualquer indecisão "seria como empurrar o país para o abismo'."
Cunha Bueno, deputado federal pelo PPB-SP (Brasília, DF)

"Excelente o editorial de Primeira Página de 14/1! Somente discordei quando afirma que não é hora de procurar culpados ou responsáveis pelos erros anteriores. Quando chegará essa hora? Basta de impunidade!"
Sérgio Luiz Gomes Braga (Niterói, RJ)

Janio de Freitas
"Com respeito aos demais colunistas da Folha, quero registrar meu profundo respeito e admiração a quem durante o primeiro governo de FHC o analisou de forma tão contundente, real e factual os bastidores da política deste governo.
O jornalista (na melhor definição da profissão) Janio de Freitas, em linhas gerais, buscou trazer ao leitor da Folha um misto de informação com análises factuais (incomuns na mídia, principalmente a eletrônica).
Apesar de nos últimos quatro anos muitos jornalistas terem perdido sua capacidade de ser céticos com o governo, lá estava Janio de Freitas para enfocar os fatos. Se fosse possível defini-lo em algumas palavras, duas delas não poderiam faltar: a coerência (o que o governo FHC não teve) e o respeito (o que também o governo FHC não teve com os eleitores).
Jean Carlo Farias Gregório (João Pessoa, PB)

Igreja Renascer
"Tendo em vista reportagem veiculada na pág. 1-7 (Brasil) do último domingo nesse prestigioso órgão de imprensa, sob o título "Receita Federal investiga financiador da Igreja Renascer', produzida pelos jornalistas Toni Sciarreta e Mário Magalhães, gostaríamos de tecer algumas considerações necessárias e indispensáveis:
A empresa RGC Produções Ltda. celebrou contrato assumindo a programação da TV Manchete sem a "colaboração financeira' de quaisquer empresas nacionais ou multinacionais.
A Igreja Renascer não recebeu nenhuma ajuda financeira do Grupo Gusmão dos Santos e não tem sede em Fort Lauderdale, noticiada como fato concreto na leviana reportagem.
É lamentável que um jornal com a tradição e a respeitabilidade da Folha divulgue reportagem desse teor, tergiversando sobre os fatos, relacionando pessoas e acontecimentos sem nenhuma ligação e totalmente divorciados da realidade."
Roberto Ribeiro Junior, do Departamento Jurídico da RGC Produções Ltda. (São Paulo, SP)

Resposta dos jornalistas Toni Sciarreta e Mário Magalhães - 1) A reportagem não afirma que a RGC Produções teve a colaboração financeira de outras empresas para assumir a programação da Rede Manchete. 2) A informação sobre a ajuda financeira do grupo Gusmão dos Santos à Renascer foi fornecida, em entrevista gravada, por Alaor José Gomes, assessor do grupo. A Folha tentou ouvir a igreja sobre o assunto pelo menos dez vezes. 3) Em dezembro de 1997, com a presença do apóstolo Estevam Hernandes e de Sônia Hernandes, líderes da Igreja Renascer, foi aberta a sede da igreja no Estado da Flórida (EUA). O endereço pode ser encontrado na própria página da Renascer na Internet: "133, North Federal Hwy, Fort Lauderdale, Florida, USA 33304".

Enchentes
"O editorial da Folha de 11/1 ("Enchentes versão 99') é equivocado e injusto, porque culpa a Prefeitura de São Paulo por enchentes que ocorrem na região metropolitana. Veja-se o exemplo citado, o córrego Pirajussara, que tem 18 km de extensão, nasce no município do Embu e passa por Taboão da Serra, antes de desaguar no rio Pinheiros. Desse total, apenas 7,3 km localizam-se na cidade de São Paulo, dos quais 6,2 km já estão canalizados.
O quilômetro restante será canalizado este ano e ao longo da divisa entre os municípios serão construídos três piscinões, somando para isso recursos das três cidades (São Paulo, Embu e Taboão) e do Daee (Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo). Em áreas de sua exclusiva responsabilidade, a prefeitura gastou R$ 140 milhões em 98, canalizando os córregos Mandaqui, Aricanduva, Franquinho e Cabuçu de Baixo. Estão em andamento as canalizações dos córregos Machados, Itaquera e Itaqueruna, Taboão e Inhumas. Para este ano, estão previstos R$ 200 milhões.
As enchentes nas marginais do Tietê, entretanto, só serão erradicadas quando o Estado concluir as obras de aprofundamento da calha do rio."
Antenor Braido, secretário de Comunicação Social da Prefeitura de São Paulo (São Paulo, SP)



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