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ELIANE CANTANHÊDE
O feriadão de Bush
BRASÍLIA - Ainda bem que amanhã é feriado nos Estados Unidos, justamente pelo "President's day". George
W. Bush vai ter muito tempo para
pensar na vida. E na ameaça de guerra contra o Iraque.
Bush pode refletir, por exemplo, sobre o relatório dos inspetores da ONU
registrando que não tiveram dificuldades para investigar possíveis armas químicas no Iraque -e nem por
isso encontraram algo que possa
ameaçar o mundo e os EUA.
Bush também terá tempo de sobra
no feriadão para se deliciar -ou se
irritar- com as fotos de milhões de
manifestantes, mundo afora, contrários à "sua" guerra contra o Iraque e
contra o povo iraquiano.
Se queria petróleo, o presidente
norte-americano está atraindo várias outras coisas: a reação negativa
dos governos de França, Alemanha e
Rússia, por exemplo, e a ira das populações desses e de centenas de outros países. Até do Brasil.
Cidadãos de todos os cantos do planeta estarão produzindo neste fim de
semana uma propaganda negativa
contra a imagem dos EUA, provavelmente com bonecos ridículos de Bush
e bandeiras pisadas e queimadas.
Enquanto isso, o preço do petróleo
continua subindo. Na semana passada, o barril já estava em US$ 36,26,
maior preço desde outubro de 2000. E
com tendência de alta.
Resultado da perspectiva de guerra
no Iraque e da longa greve petroleira
na Venezuela. Todo o mundo, literalmente, sofre. Os EUA sofrem também. E eles estão na origem de um
problema, a ameaça de guerra, e por
trás do outro, a crise venezuelana.
Vamos, pois, não só acompanhar as
manifestações contra a guerra, inclusive as que foram convocadas em várias capitais brasileiras, como torcer
para que Bush aproveite bem o feriado do "President"s day". Quem sabe
ele não amanhece na terça-feira sem
ressaca, sem ímpeto beligerante e deixando essa idéia de guerra para lá?
Provável não, até porque os EUA
não dão bola para manifestação de
rua de país alheio. Mas não custa
tentar. Ou sonhar.
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