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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

O feriadão de Bush

BRASÍLIA - Ainda bem que amanhã é feriado nos Estados Unidos, justamente pelo "President's day". George W. Bush vai ter muito tempo para pensar na vida. E na ameaça de guerra contra o Iraque.
Bush pode refletir, por exemplo, sobre o relatório dos inspetores da ONU registrando que não tiveram dificuldades para investigar possíveis armas químicas no Iraque -e nem por isso encontraram algo que possa ameaçar o mundo e os EUA.
Bush também terá tempo de sobra no feriadão para se deliciar -ou se irritar- com as fotos de milhões de manifestantes, mundo afora, contrários à "sua" guerra contra o Iraque e contra o povo iraquiano.
Se queria petróleo, o presidente norte-americano está atraindo várias outras coisas: a reação negativa dos governos de França, Alemanha e Rússia, por exemplo, e a ira das populações desses e de centenas de outros países. Até do Brasil.
Cidadãos de todos os cantos do planeta estarão produzindo neste fim de semana uma propaganda negativa contra a imagem dos EUA, provavelmente com bonecos ridículos de Bush e bandeiras pisadas e queimadas.
Enquanto isso, o preço do petróleo continua subindo. Na semana passada, o barril já estava em US$ 36,26, maior preço desde outubro de 2000. E com tendência de alta.
Resultado da perspectiva de guerra no Iraque e da longa greve petroleira na Venezuela. Todo o mundo, literalmente, sofre. Os EUA sofrem também. E eles estão na origem de um problema, a ameaça de guerra, e por trás do outro, a crise venezuelana.
Vamos, pois, não só acompanhar as manifestações contra a guerra, inclusive as que foram convocadas em várias capitais brasileiras, como torcer para que Bush aproveite bem o feriado do "President"s day". Quem sabe ele não amanhece na terça-feira sem ressaca, sem ímpeto beligerante e deixando essa idéia de guerra para lá?
Provável não, até porque os EUA não dão bola para manifestação de rua de país alheio. Mas não custa tentar. Ou sonhar.



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