São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

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RISCO-BOLHA

A já longa espera nos mercados internacionais por nova etapa de crescimento global parece não ter fim. Os indicadores dos EUA não têm bastado para mudar o cenário.
Houve alguma euforia com as declarações do presidente do banco central dos EUA, Alan Greenspan, sugerindo que um aumento de juros não é iminente. E os agentes financeiros tentam antecipar uma retomada econômica plena dos EUA.
O jornal "Financial Times", por exemplo, já alerta para a restauração do "espírito animal" nos mercados. As fusões e aquisições voltaram à agenda, setores que respondiam por boa parte do dinamismo nos anos 90, como os de tecnologia e de telecomunicações, também anunciam novos negócios e estratégias. No setor bancário igualmente têm ocorrido fusões de grande porte nos EUA.
Parte do entusiasmo reflete a própria valorização das ações, fruto da gradual melhora do cenário nos EUA. Mas os analistas mais conservadores já temem a irrupção de nova onda de "exuberância irracional".
No lado real da economia, no entanto, os dados continuam desanimadores. Os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA voltaram a subir na semana passada. A confiança do consumidor voltou a cair.
O saldo comercial norte-americano também teve alta, contrariando a lógica, pois o dólar tem perdido valor, sobretudo diante do euro. Se o país importa mais do que exporta, ficam prejudicadas as perspectivas de aquecimento da produção e aumento do emprego doméstico.
As autoridades do G-7 continuam impotentes diante dessas tendências. Produzem retórica, condenam a volatilidade das principais moedas internacionais, mas não há coordenação de políticas econômicas. De bolha em bolha, a economia mundial ainda se revela incapaz de organizar uma autêntica retomada.
Para países dependentes, como o Brasil, o melhor a fazer é encarar com extrema cautela as pequenas euforias do sistema financeiro global.


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