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PARCERIA URBANA
A prefeitura de São Paulo
pretende investir R$ 460 milhões nos próximos seis anos para
promover a urbanização das duas
maiores favelas da cidade, a Paraisópolis e a Heliópolis, ambas localizadas na zona sul paulistana. O intuito,
sem dúvida, é elogiável.
Freqüentemente incapaz de conter
no nascedouro a ocupação irregular
de áreas urbanas, o poder público
acaba tolerando a formação de aglomerados caóticos de residências precárias, que com o tempo se transformam em verdadeiras cidades dentro
das cidades, desprovidas, porém, da
infra-estrutura mínima. Paraisópolis
e Heliópolis são hoje duas grandes
concentrações de população de baixa
renda, para as quais a melhor solução -senão a única- seria a maior
integração à cidade por meio de uma
intervenção urbanística.
Para encontrar os recursos necessários, a prefeitura de São Paulo está
encaminhando à Câmara dos Vereadores um projeto de lei que institui
uma parceria com a iniciativa privada. Os investidores que se apresentarem para o plano de reurbanização
das favelas receberão certificados autorizando construções acima dos limites básicos especificados para as
diversas regiões da cidade.
De certa forma, reproduz-se o mecanismo já existente, pelo qual a iniciativa privada paga para construir
além do padrão estipulado, mas dentro de limites preestabelecidos, e a
prefeitura usa os recursos para obras
na região. A diferença, segundo o
noticiado, é que, no caso da parceria
para a urbanização das favelas, o investidor teria ampla liberdade para
escolher as áreas da cidade onde vai
erguer seus empreendimentos.
Trata-se de uma situação potencialmente perigosa. É de esperar que o
projeto, escudado na boa intenção de
beneficiar os mais pobres, não abra
as portas para iniciativas irresponsáveis, que descaracterizem bairros e
agridam os princípios do Plano Diretor e do zoneamento da cidade.
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