São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENDÊNCIAS/DEBATES

O Brasil em 1º lugar

ALBERTO GOLDMAN

O Brasil viverá neste ano uma disputa dramática. De um lado, Lula, candidato à reeleição. Do outro, alguém que representará a rejeição a ele que se consolidou em ampla parcela da sociedade mais informada. Cabe especialmente ao PSDB expressar tal sentimento de oposição, desnudando e desmistificando o presidente, seu partido e suas alianças, e apresentar um projeto de país confiável e viável que possa renovar as esperanças de que podemos construir uma nação socialmente mais justa.


A tarefa principal, não só do PSDB mas de todos os patriotas, é derrotar Lula, o seu partido e as suas alianças corruptas


Lula e o PT estão causando imenso mal ao país. Tornaram a política -a mais nobre das artes, conjunto de ações que, com o manejo do conhecimento e dos instrumentos das instituições democráticas, objetiva construir uma sociedade melhor- um espaço de promoção de vaidades, de enriquecimento ilícito e de poder para ser exercido e reproduzido pelo partido dominante.
Não existe paralelo na história republicana de tão extenso rol de dirigentes públicos, de direções de partidos e de líderes parlamentares envolvidos em irregularidades e falcatruas sob os olhos complacentes e coniventes do presidente da República. A todo momento, mais e mais fatos vêm à tona, maculando todos nós que nos dedicamos a essa atividade necessária e honrosa.
Nem todos acompanham essa avaliação. Os menos escolarizados e menos informados têm dificuldade em aceitar o fato de que seu ídolo tem os pés de barro e seu coração não é exatamente aquele que foi mostrado. Não se deram conta, ainda, de que os que atualmente governam o país não têm escrúpulos, que são capazes de qualquer mentira e qualquer vilania. É isso que sustenta Lula. E é isso que precisamos mostrar.
Não há política sem ética. Não só a ética do bom uso do dinheiro público mas a ética da verdade e do respeito à inteligência do mais simples cidadão. Lula e seu governo permitiram o desvio de milhões de reais, qualquer que seja a destinação. O chamado caixa dois para campanhas eleitorais de partidos da base do governo foi só uma das formas de apropriação privada. Mas a divulgação de mentiras e ilusões não é menos grave.
O Brasil da era Lula cresceu, em três anos, à média de 2,6% ao ano. Mas o mundo em geral, e os países emergentes, entre os quais se classifica o Brasil, crescem em ritmo alucinante, de 5% a 9% ao ano. A nossa inflação é baixa, mas ainda é mais alta que a maioria. Os investimentos no Brasil (limitados pelos altíssimos juros praticados), essenciais para o aumento da produção e dos empregos, são insuficientes para criar uma perspectiva de crescimento sustentado.
As médias salariais, apesar de terem crescido um pouco, são bem inferiores às de 2002. O aumento do salário mínimo, neste ano eleitoral, será mais expressivo (11% em valores reais), mas, nos três anos anteriores, foram de 0,5%, 2,5% e 8%.
O governo faz operações para tapar buracos nas estradas, mas a verdade é que, sem manutenção, o custo se tornou bem maior, e a qualidade será inferior. O preço do arroz caiu graças à alta produção, à importação e ao baixo consumo, não por ação do governo. Por isso, os nossos produtores já pararam de produzir. E o preço do cimento também caiu, mas devido à paralisação das obras dos construtores "formiguinhas" e ao baixo investimento público e privado.
As exportações cresceram, especialmente de 2002 para 2003. Todavia isso foi produto da ação do governo anterior, das transformações estruturais da economia brasileira e do excepcional crescimento das economias mundiais. Também o crescimento da produção de petróleo se deve a ações anteriores, nada ao governo Lula.
Ou seja, outros plantaram, e Lula colheu. Essas são só algumas verdades que, nos próximos meses, terão de ser divulgadas. Todavia o mais importante é mostrar que, sem mentir, sem fantasiar, sem mistificar, sem "salvadores da pátria", podemos fazer mais e melhor.
Por isso, a tarefa principal, não só do PSDB mas de todos os patriotas, é derrotar Lula, o seu partido e as suas alianças corruptas.
Temos dois nomes que se credenciaram para encabeçar a nossa chapa: José Serra e Geraldo Alckmin. Difícil opção. Do ponto de vista do partido, existem, de imediato, perdas, maiores ou menores. Ou ficamos sem o comando da prefeitura de São Paulo por dois anos e nove meses ou ficamos sem o governo do Estado de São Paulo por nove meses.
Em qualquer das hipóteses, esses nossos líderes arriscam seu futuro político, e o partido arrisca posições arduamente conquistadas. Porém, acima das suas legítimas aspirações, e mesmo além dos interesses imediatos ou mediatos do partido, está em jogo o futuro do país. Esse é o princípio ético que deve balizar um partido político. A tarefa, agora, é optar por aquele que melhores condições tem de enfrentar essa batalha.
É o Brasil em 1º lugar.
Temos a certeza de que, qualquer que seja a escolha feita no amplo processo de avaliação que se realiza, chegaremos à convergência. Um terá a tarefa de enfrentar Lula. O outro, de conduzir o partido unido e a sociedade à vitória. Os dois terão o reconhecimento da nação.

Alberto Goldman, 68, deputado federal pelo PSDB-SP, é primeiro vice-presidente nacional do PSDB. Foi ministro dos Transportes (governo Itamar Franco) e secretário da Administração do Estado de São Paulo (governo Quércia).
@ - comente@albertogoldman.com.br



Texto Anterior: Frases

Próximo Texto: Hélio Bicudo: Tortura: até quando?

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.