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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Educação e Bolsa Família
OS RESULTADOS de uma pesquisa recente, publicados
pelo Estado, foram muito
preocupantes. Eles dizem que os filhos dos que recebem Bolsa Família estão abandonando a escola
precocemente ("Abandono escolar
cresce entre dependentes do Bolsa
Família", 9/3/08). Foi a pior notícia que li nos últimos tempos. Nada
é mais urgente neste país do que
uma boa educação.
O pioneiro Bolsa Escola, criado
pelo ex-prefeito de Campinas José
Roberto Magalhães Teixeira, na
década 90, foi um grande achado,
porque introduziu um sistema de
reciprocidade que deu como resultado a redução da evasão escolar: a
família recebia um reforço de renda com o compromisso de manter
seus filhos na escola e com bom
aproveitamento.
O então governador Cristovam
Buarque introduziu o sistema na
capital federal, e o presidente Fernando Henrique ampliou-o para
todo o Brasil. Foi um sucesso. O
programa ganhou a atenção internacional. A reciprocidade era o cerne daquela ação.
Na pesquisa apresentada pelo
Estado, a taxa de evasão escolar dos
que recebem Bolsa Família cresceu
entre 2002 e 2005. Em alguns casos, a taxa mais do que dobrou. Isso
é grave, muito grave. O que está havendo? Os controles afrouxaram?
A reciprocidade acabou? O valor da
ajuda se deteriorou?
O Bolsa Família paga R$ 58 por
família e mais R$ 18 por filhos entre 0 e 15 anos nas situações familiares em que a renda per capita é
inferior a R$ 60. Após os 15 anos, o
filho deixa de receber a sua parcela.
Na referida pesquisa, alguns professores afirmaram que muitos dos
seus alunos só estão na escola por
causa daquela ajuda. Assim que
completam os 15 anos, vão embora.
O Ipea indica também que a evasão
mais alta é dos adolescentes mais
velhos, o que levou o Ministério da
Educação a estender o reforço de
renda até os 17 anos.
Com isso, o pagamento máximo
para uma família subirá dos atuais
R$ 112 para R$ 172, desde que ela
mantenha na escola os seus filhos
entre 15 e 17 anos.
Se esse é o problema, tudo indica
que o Brasil precisará ir aumentando o benefício do Bolsa Família para atingir seus objetivos. De um lado, a referida extensão tranqüiliza,
porque manteremos os brasileiros
na escola por mais tempo. De outro, preocupa, porque muitos ficarão na escola só para receber essa
ajuda.
Por isso, precisamos saber qual é
o desempenho real dos alunos
mais velhos mantidos com o Bolsa
Família. Esse dado é essencial para
saber o valor do programa nos dias
de hoje.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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