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FERNANDO DE BARROS E SILVA
PMDB, o filme
SÃO PAULO - Numa das suas, o finado senador Antonio Carlos Magalhães disse certa vez que o presidente da Câmara, Michel Temer,
parecia mordomo de filme de terror. Podemos ir além: o próprio
PMDB virou um filme de terror.
É verdade que as notícias assombrosas nos últimos dias têm sido
mais frequentes no Senado de José
Sarney do que na Câmara de Jader
Barbalho, de Eduardo Cunha, do
ministro Geddel, entre tantos outros artistas de cinema.
O regresso de Collor à cena política como "gerente do PAC", fruto do
acordão que elegeu Sarney presidente da Casa, foi a cereja do bolo
de um início de legislatura desastroso no Senado. A mansão do Agaciel, os milhões pagos em horas extras a funcionários no recesso, o uso
privado de empregados da Casa pelo seu presidente -os exemplos de
desfaçatez diante do bem público se
sucedem como num filme.
Elo entre Sarney e Collor, fazendo o uso de sempre do mandato que
seus colegas, por falta de decoro e
excesso de compadrio, deixaram de
cassar, Renan Calheiros merece o
título de melhor ator coadjuvante
da chanchada em curso.
O PMDB é o que parece ser. Um
partido afinal transparente, especializado, como disse Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), "nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral".
Durante muito tempo, o PMDB
se beneficiou da imagem de respeitabilidade que havia construído na
luta contra a ditadura. Nos anos 80,
quando ainda se preocupava em
formular ideias, tentou empunhar a
velha bandeira do nacional-desenvolvimentismo, mas foi engolfado
pela agenda quase exclusiva de
combate à inflação e finalmente
atropelado pela onda liberal.
Eis que agora o país redescobre o
PMDB: emancipado do fardo de ter
de gerar qualquer luz, tornou-se um
parasita gigante que usa seu tamanho para chantagear governos e sugar as tetas do poder. Não deixa de
ser um símbolo nacional.
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