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FERNANDO RODRIGUES
Pantomima
BRASÍLIA - Há uma farsa em curso no Congresso, e o seu patrocinador é o deputado Antonio Carlos
Magalhães Neto, o jovem ACM Neto, filiado ao Democratas (ex-PFL e
ex-Arena) da Bahia.
Corregedor da Câmara, Neto protela ao máximo sua decisão a respeito do pedido de cassação contra
o deputado do castelo, o mineiro
Edmar Moreira (sem partido, mas
até o mês passado integrante do
mesmo DEM do seu suposto algoz).
A acusação é cristalina. Moreira
usou notas fiscais de sua própria
empresa de segurança para justificar gastos de R$ 140 mil no ano passado. Feriu o Código de Ética da Câmara, que determina o uso do dinheiro público segundo os princípios da impessoalidade.
O escândalo começou em 2 fevereiro. Hoje é dia 16 de março. O corregedor ACM Neto demorou semanas para notificar Moreira. Recebeu a resposta do deputado do castelo na última segunda-feira. A defesa é indigente. Caberia ao corregedor ter encaminhado no dia seguinte o caso à direção da Câmara,
recomendando a abertura de um
processo formal no Conselho de
Ética -quando fica então inviável a
renúncia do acusado para escapulir
da cassação de mandato.
O que fez ACM Neto? Criou uma
comissão para analisar o assunto.
Nomeou como sócios remidos dessa investigação postiça José Eduardo Cardozo (PT-SP), Osmar Serraglio (PMDB-PR), Flávio Dino (PC
do B-MA) e Régis Oliveira (PSC-SP). Juntos, sabendo ou não, eles legitimam a lengalenga.
Os presidentes do Senado e da
Câmara têm ficado, por enquanto, à
margem desse escândalo das notas
fiscais. José Sarney e Michel Temer
precisam se mover. Em breve, a responsabilidade será deles também.
Até porque dezenas de senadores e
deputados são clones de Edmar
Moreira quando se trata de gastar
de maneira ilegal os R$ 15 mil a que
têm direito por mês.
frodriguesbsb@uol.com.br
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