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SINAL DE ALERTA
Bastou um banco norte-americano mostrar leve desconfiança
em relação à economia brasileira para que as finanças nacionais reagissem como se estivessem sob tormenta. Em questão de horas, o risco
de investir -e de apostar na solvência do Brasil- aumentou 10%.
O banco em questão, o JP Morgan,
recomendou a seus clientes que se livrassem de uma parte dos papéis da
dívida pública do país. Quis dizer
com isso que o Brasil ainda inspira
cuidados. A dívida é demasiadamente alta e a economia não dá sinais de
que crescerá o bastante para torná-la
mais solvente e atrativa aos olhos dos
investidores internacionais.
É certo que a crise de confiança que
cercou a posse do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva exigia medidas
duras para ser debelada. A partir de
maio de 2003, porém, o rigor da política monetária se mostrou excessivo.
Naquele mês, percebeu-se o tamanho da recessão, que já demandava o
alívio do arrocho monetário.
Mas a equipe econômica desde então apenas demonstra seu apego a
fórmulas de manual. "A boa teoria",
como disse o presidente do Banco
Central. Essas fórmulas não dão
conta do particular contexto econômico e financeiro do país, para não
falar do social e político. Como se estivessem em aulas de macroeconomia para calouros, os economistas
de Lula repetem platitudes como "a
moeda é neutra, o BC não promove
crescimento econômico". Quem disse o contrário? Está claríssimo que
não haverá milagre ou espetáculo do
crescimento sem leis melhores, mais
produtividade, mais comércio, menos impostos, mais investimento.
O que se pede é apenas bom senso.
Bom senso para não destruir com taxas de juros tão elevadas o esforço
terrível do ajuste fiscal. E para não
aprisionar o país a metas de inflação
demasiadamente ambiciosas para os
prazos estipulados para seu cumprimento. Bom senso, sobretudo, para
não solapar de antemão a possibilidade de o país voltar a crescer. É preciso que a autoridade monetária
abandone sua rotina de excessiva
cautela e crie, com reduções mais decididas dos juros, melhores condições para o país avançar.
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