São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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DEZ ANOS SEM "APARTHEID"

Dez anos depois do fim do odioso regime de "apartheid" na África do Sul, negros, brancos e representantes de todas as etnias foram pela terceira vez às urnas em eleições gerais. Embora os votos ainda estejam sendo apurados, o pleito não deve trazer surpresas. O Congresso Nacional Africano (CNA), partido de Nelson Mandela e do presidente Thabo Mbeki, deverá conquistar dois terços do Parlamento e eleger a grande maioria dos governadores das Províncias. Os resultados provavelmente darão a Mbeki um segundo mandato de cinco anos.
A virtual unanimidade em torno do CNA está longe de significar que a África do Sul não tenha problemas. Ela se deve antes ao fato de os eleitores ainda votarem segundo padrões raciais. Com efeito, a maioria negra vota em partidos de negros. E o CNA é de longe o maior e mais representativo partido negro. Além disso, ele foi capaz de assegurar uma transição tranqüila para a democracia.
Não é demais lembrar que muitos apostavam que o desmantelamento do apartheid levaria a uma guerra civil. Ela não apenas não ocorreu como vêm diminuindo gradativamente os episódios de violência política -principalmente entre etnias negras rivais- que marcaram os primeiros anos da nova África do Sul.
O lado menos glorioso da história é que o país permanece com seriíssimos problemas de desemprego (28%) e de violência -notadamente homicídios e estupros. O crescimento econômico médio na última década (2,8%) deixou muito a desejar. Há, além disso, o grave problema da epidemia de Aids. Entre mulheres jovens, por exemplo, o índice de infecção pelo HIV chega a 25%. O governo só tardiamente passou a dar a devida atenção ao problema.
Apesar de todas essas dificuldades, a jovem democracia sul-africana está se consolidando, o que não é pouco num continente onde vicejam as mais selvagens ditaduras.


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