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DEZ ANOS SEM "APARTHEID"
Dez anos depois do fim do
odioso regime de "apartheid"
na África do Sul, negros, brancos e
representantes de todas as etnias foram pela terceira vez às urnas em
eleições gerais. Embora os votos ainda estejam sendo apurados, o pleito
não deve trazer surpresas. O Congresso Nacional Africano (CNA),
partido de Nelson Mandela e do presidente Thabo Mbeki, deverá conquistar dois terços do Parlamento e
eleger a grande maioria dos governadores das Províncias. Os resultados
provavelmente darão a Mbeki um segundo mandato de cinco anos.
A virtual unanimidade em torno do
CNA está longe de significar que a
África do Sul não tenha problemas.
Ela se deve antes ao fato de os eleitores ainda votarem segundo padrões
raciais. Com efeito, a maioria negra
vota em partidos de negros. E o CNA
é de longe o maior e mais representativo partido negro. Além disso, ele
foi capaz de assegurar uma transição
tranqüila para a democracia.
Não é demais lembrar que muitos
apostavam que o desmantelamento
do apartheid levaria a uma guerra civil. Ela não apenas não ocorreu como
vêm diminuindo gradativamente os
episódios de violência política
-principalmente entre etnias negras rivais- que marcaram os primeiros anos da nova África do Sul.
O lado menos glorioso da história é
que o país permanece com seriíssimos problemas de desemprego
(28%) e de violência -notadamente
homicídios e estupros. O crescimento econômico médio na última década (2,8%) deixou muito a desejar.
Há, além disso, o grave problema da
epidemia de Aids. Entre mulheres jovens, por exemplo, o índice de infecção pelo HIV chega a 25%. O governo só tardiamente passou a dar a devida atenção ao problema.
Apesar de todas essas dificuldades,
a jovem democracia sul-africana está
se consolidando, o que não é pouco
num continente onde vicejam as
mais selvagens ditaduras.
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