São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Estrela vermelha
"Dona Marisa enfeitou os jardins do Palácio do Alvorada e da Granja do Torto, residências oficiais do presidente da República, com a estrela do PT. Será que o próximo enfeite vai ser o emblema do Corinthians? É o fim da picada. A primeira-dama pensa que pode marcar as residências oficias com símbolos que confundem o governo brasileiro com agremiações que não são de todos os eleitores que elegeram o seu marido."
Maria Bernadeth Ribeiro (São Paulo, SP)

Triste novela
"O alinhamento incondicional entre Bush e Sharon é a sinopse de mais um capítulo da triste novela de sangue e morte no Oriente Médio. Não bastasse a violência constante daquela região, percebe-se que não há interesse por parte desses líderes em buscar uma paz verdadeira e duradoura, que ponha fim no derramamento de sangue que já dura décadas. A questão já não é a manutenção ou não de colônias judaicas na Cisjordânia, mas, sim, o total alijamento dos palestinos da mesa de negociações. Esse fato obviamente alimentará mais ódio e mais violência, num infernal círculo vicioso."
Vagner Correa (São Bernardo do Campo, SP)

Jornalismo
"É lamentável que o jornalista Carlos Heitor Cony diga que o jornalista Antônio Callado foi o único proibido de escrever em jornais ("Antônio Callado", Opinião, pág. A2, 10/4). Nada contra o Callado e sua importância, mas Antônio Callado foi cassado e proibido de escrever num ato ditatorial que o general Costa e Silva revogou 15 dias depois. Manteve a cassação, mas anulou a proibição de escrever. O "Jornal do Brasil" já se preparava para mandá-lo para Paris como correspondente, de onde poderia escrever sem assinar, quando Costa e Silva reconheceu que aquilo havia sido um equívoco. No meu caso, não houve equívoco nenhum. Candidato a deputado pelo MDB da Guanabara -a eleição era no dia 15 de novembro de 1966-, fui cassado e proibido de escrever no dia 10 de novembro -a decisão saiu no dia 11 no "Diário Oficial". Passei então a escrever com o pseudônimo de João da Silva, um pracinha da FEB que morreu na Itália. No dia 15 de março de 1967, como passou a existir uma nova Constituição, escrevi assinando Helio Fernandes. Fui preso no mesmo dia e obrigado a voltar a ser João da Silva. Já havia entrado na Justiça para reivindicar o meu direito de trabalhar. Ganhei em 1968, numa sentença magistral do juiz Hamilton Leal. Como este era presidente da Liga Eleitoral Católica, os generais que mandavam resolveram deixar que eu assinasse."
Helio Fernandes, jornalista (Rio de Janeiro, RJ)

Governo Lula
"A Folha de 14/4 trouxe declarações minhas a respeito de similaridades entre o governo Lula e o governo de De la Rúa dadas após evento organizado pela Abong no Rio de Janeiro em 13/4 ("Lula pode acabar como De la Rúa, diz economista", Brasil, pág. A7). O texto é acurado, mas eu gostaria de esclarecer dois pontos em relação a elas. Primeiro, elas foram dadas em nome absolutamente pessoal, não refletindo nenhuma posição institucional de quem quer que seja (o jornal não me identifica como representante de nenhuma organização, mas é importante frisar esse fato). Segundo, eu estou veiculando uma preocupação com a instabilidade política crescente dos últimos meses e com a falta de iniciativa do governo Lula de enfrentá-la adequadamente. Foram a instabilidade, a inoperância e a incapacidade de lidar com as expectativas de suas próprias bases originais de apoio que marcaram o governo de De la Rúa que me preocupam, e não o fim que ele teve, que não me parece estar no nosso horizonte. É a paralisia -certamente não o risco de deposição- que preocupa a mim e a muitos outros."
Fernando J. Cardim de Carvalho, professor da UFRJ (Rio de Janeiro, RJ)

Analistas de controle
"Como candidato derrotado à diretoria nacional da Unacon (União Nacional dos Analistas de Controle), espantou-me o artigo publicado pelo senhor Elio Gaspari no último dia 11 de abril ("A CUT perdeu", Brasil), pois nossa chapa não foi apoiada nem pela CUT nem muito menos pelo governo. Toda a nossa campanha foi bancada com recursos financeiros próprios, sem apoio partidário ou sindical. Perguntem à chapa vencedora o apoio partidário e financeiro que receberam e verão quem é quem nesse processo. Coloco à disposição da Folha toda a documentação referente à prestação de contas da campanha, atitude comum para um profissional da carreira de finanças e controle."
Nelson Homero Dumas (Brasília, DF)

Religião
"Na coluna "Religião do capitalismo" (Opinião, 8/4), Otavio Frias Filho expôs sua visão acerca da sociologia e da teologia da Igreja Evangélica, dita protestante, alcunhando-a de seita, que, segundo o "Aurélio", é "doutrina ou sistema que diverge da opinião geral e é seguido por muitos" ou "conjunto de indivíduos que professam a mesma doutrina", pelo que a Igreja Católica não seria menos seita do que a Igreja Evangélica em geral. Diz que os cristãos reformados crêem só em predestinação, o que é uma inverdade e mostra incompreensão do sentido e alcance da questão da predestinação como posição teológica calvinista. Julga que a "ética protestante" de Weber seria fonte para correção de distorções das pregações e da ética da religião evangélica atual sem cuidar que não foram as doutrinas bíblicas as geradoras da consciência liberal inspiradora e influenciadora do "progresso" capitalista na Europa e Américas, mas, sim, os ideais filosóficos humanistas da Revolução Francesa, sendo que a Igreja Católica, em seu contexto bíblico e em sua ação coletiva (Atos Cap. 2 e 4), mostram rejeição à idéia de acumulação do capitalismo. Daí ouso afirmar que Weber jamais descortinou, a fundo, o que seja a verdadeira ética protestante simplesmente porque partiu de premissas equivocadas, não partiu do Evangelho. Razão tem o colunista ao criticar os abusos e a teatralidade presente em algumas correntes ditas neo-evangélicas, realidades incompatíveis com a verdade bíblica, que merece ser exposta com isenção de ânimos. Quanto à graça de Deus, vale dizer que a compreensão e a vivência evangélica diferem do que foi dito pelo colunista, pois a Bíblia enfatiza não depender a salvação do que possamos fazer, mas, sim, do que Deus fez por nós na cruz. Isso é a fé evangélica e sua ética. Julgá-la sob outra ótica revela distorção das Escrituras para justificar pretextos doutrinários incompatíveis com a verdade cristã."
Alexandre Lemos Palmeiro, advogado e membro da Igreja Batista Boas Novas (Ribeirão Preto, SP)

Ancine
"O texto "Gil amplia influência do MinC no cinema", Ilustrada, 15/4) informa que sou considerado pela "equipe do Ministério da Cultura um opositor do governo Lula". Ao longo dos dois anos e meio em que ocupo o cargo de diretor-presidente da Ancine, não há registro de nenhuma manifestação minha que justifique a afirmação. Gostaria que a Folha fosse mais explícita e desse nome aos bois para que eu pudesse me defender do que, a ser verdadeira a afirmação, pode ser considerado uma chantagem política. Trabalho na gestão institucional de órgãos públicos na área cinematográfica desde 1975 -nos governos Geisel, Sarney, FHC e agora no governo Lula- suprapartidariamente. Aliás, a respeito, votei em Lula no segundo turno das passadas eleições presidenciais."
Gustavo Dahl, diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Rio de Janeiro, RJ)


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