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CLÓVIS ROSSI
"Um homem de bem"
ROMA - É verdade que não tem dado muito tempo de ler os jornais brasileiros, mesmo esta Folha. Mas o simples passar de olhos pelos títulos e
uma lida ainda que ligeira do início
dos textos revela que, dia sim, o outro
também, há algum torpedo na linha
de flutuação do ministro da Previdência, Romero Jucá.
Josias de Souza, que fica a cada dia
mais sensacional, chegou a escrever,
no domingo, que o governo Fernando Henrique Cardoso tinha suficiente competência para criar suas próprias crises. O governo Luiz Inácio
Lula da Silva importa-as já prontas.
O Josias, tenho certeza, me desculpará se estou simplificando demais seu
belo texto, mas acho que a idéia central era essa -e é absolutamente
perfeita.
Qualquer um que tivesse lido jornais nos últimos, digamos, dez ou 12
anos, saberia que convidar Jucá para
um ministério era como convidar
uma crise para passear na Esplanada
dos Ministérios. Não obstante, foi
convidado, com o resultado óbvio:
mais um cadáver insepulto na principal avenida de Brasília, obrigado a
dar explicações todos os dias, não sobre seus planos para o presente e para
o futuro, mas para os seus atos do
passado remoto e não tão remoto.
Soma-se aos cadáveres que a não-reforma ministerial já deixara: ministros "demitidos" pelos jornais, a
partir de informações filtradas pelos
próprios palacianos e/ou petistas,
sempre a partir da alegação de que
não são competentes.
Além desse problema, que já seria
suficiente para desmoralizar um governo que faz tal tipo de escolhas, há
outro: o mau julgamento de políticos
com a força de Antonio Palocci.
Perguntei ao ministro, 15 dias atrás,
em sua passagem por Madri, se não
se sentia desconfortável como colega
de Jucá (e olhe que ainda não haviam caído sobre o titular da Previdência todas as acusações agora na
praça).
"É um homem de bem", respondeu.
Então tá, não é, Josias?
@ - crossi@uol.com.br
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