São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

KENNETH MAXWELL

Cuba

O PRESIDENTE Obama participa amanhã da conferência de cúpula das Américas. No início da semana, ele anunciou alteração importante na política externa de seu país, com o objetivo de atenuar uma queixa perene dos latino-americanos com os quais se reunirá em Trinidad e Tobago.
Todos os governos do hemisfério ocidental estarão representados na conferência, exceto o de Cuba.
A desculpa para a exclusão dos cubanos é que não se trata de um governo "democrático", o que certamente procede. Mas incorporar Cuba, agora, requereria ação legislativa nos EUA. E isso não acontecerá em breve, ou ao menos não a tempo de Cuba estar entre os participantes.
O governo Bush complicou ainda mais a situação ao dificultar os contatos interpessoais, o que marca um recuo até mesmo ante o relacionamento limitado estabelecido nas décadas transcorridas desde a imposição do embargo dos EUA a Cuba, no começo dos anos 60.
A política adotada pelo governo Bush tinha por objetivo satisfazer a linha dura dos norte-americanos de origem cubana em Miami e contou com o apoio de políticos da Flórida -os irmãos Mario e Lincoln Diaz-Balart, na Câmara, e o senador republicano Mel Martinez- e do senador democrata Bob Menendez (Nova Jersey).
Todos eles seguem ferrenhamente opostos a qualquer abrandamento das restrições norte-americanas a Cuba.
Obama está caminhando no fio da navalha. Para o anúncio das mudanças, escolheu Dan Restrepo, diretor de assuntos do hemisfério ocidental no Conselho de Segurança Nacional. Mas as medidas anunciadas refletem uma mudança real na atitude norte-americana para com Havana.
Muitos dos norte-americanos de ascendência cubana mais jovens favorecem uma maior abertura.
No Congresso, representantes da região centro-oeste julgam Cuba um mercado potencialmente importante para exportações agrícolas.
E Richard Lugar, líder da bancada republicana no Comitê de Relações Exteriores do Senado, defendeu uma reavaliação do relacionamento entre os EUA e Cuba. Obama, ao falar à Cuban American National Foundation, em Miami, na campanha presidencial, indicou favorecer uma política mais flexível.
Agora, o presidente Obama cumpre sua promessa ao remover as restrições sobre visitas a Cuba e as limitações ao envio de dinheiro por pessoas radicadas nos EUA aos seus parentes cubanos.
O presidente da Cuban American National Foundation recebeu as mudanças positivamente, afirmando que elas "ajudariam o povo cubano a se tornar protagonista de mudanças em Cuba".
Fidel Castro escreveu que a nova politica era "positiva, apesar de mínima". Em outras palavras: passos na direção certa.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Favelas e guetos
Próximo Texto: Frases

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.