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KENNETH MAXWELL
Cuba
O PRESIDENTE Obama participa amanhã da conferência
de cúpula das Américas. No
início da semana, ele anunciou alteração importante na política externa de seu país, com o objetivo de
atenuar uma queixa perene dos latino-americanos com os quais se
reunirá em Trinidad e Tobago.
Todos os governos do hemisfério
ocidental estarão representados na
conferência, exceto o de Cuba.
A
desculpa para a exclusão dos cubanos é que não se trata de um governo "democrático", o que certamente procede. Mas incorporar Cuba,
agora, requereria ação legislativa
nos EUA. E isso não acontecerá em
breve, ou ao menos não a tempo de
Cuba estar entre os participantes.
O governo Bush complicou ainda
mais a situação ao dificultar os
contatos interpessoais, o que marca um recuo até mesmo ante o relacionamento limitado estabelecido
nas décadas transcorridas desde a
imposição do embargo dos EUA a
Cuba, no começo dos anos 60.
A política adotada pelo governo
Bush tinha por objetivo satisfazer a
linha dura dos norte-americanos
de origem cubana em Miami e contou com o apoio de políticos da Flórida -os irmãos Mario e Lincoln
Diaz-Balart, na Câmara, e o senador republicano Mel Martinez- e
do senador democrata Bob Menendez (Nova Jersey).
Todos eles
seguem ferrenhamente opostos a
qualquer abrandamento das restrições norte-americanas a Cuba.
Obama está caminhando no fio
da navalha. Para o anúncio das mudanças, escolheu Dan Restrepo, diretor de assuntos do hemisfério
ocidental no Conselho de Segurança Nacional. Mas as medidas anunciadas refletem uma mudança real
na atitude norte-americana para
com Havana.
Muitos dos norte-americanos de
ascendência cubana mais jovens
favorecem uma maior abertura.
No
Congresso, representantes da região centro-oeste julgam Cuba um
mercado potencialmente importante para exportações agrícolas.
E
Richard Lugar, líder da bancada republicana no Comitê de Relações
Exteriores do Senado, defendeu
uma reavaliação do relacionamento entre os EUA e Cuba. Obama, ao
falar à Cuban American National
Foundation, em Miami, na campanha presidencial, indicou favorecer uma política mais flexível.
Agora, o presidente Obama cumpre sua promessa ao remover as
restrições sobre visitas a Cuba e as
limitações ao envio de dinheiro por
pessoas radicadas nos EUA aos
seus parentes cubanos.
O presidente da Cuban American National Foundation recebeu as mudanças positivamente, afirmando que
elas "ajudariam o povo cubano a se
tornar protagonista de mudanças
em Cuba".
Fidel Castro escreveu que a nova
politica era "positiva, apesar de mínima". Em outras palavras: passos
na direção certa.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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