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NÃO NOS AMEDRONTEMOS
A ofensiva de bandidos em
nome da falange criminosa
chamada de "Primeiro Comando da
Capital" (PCC) mudou de padrão em
São Paulo. Os ataques genéricos deixaram de alvejar apenas agentes da
segurança pública e passaram a incluir ações com o objetivo de disseminar o pânico na população. Ônibus urbanos, incendiados às dezenas, foram tomados como emblema
da tática intimidatória. Agências
bancárias e uma estação de metrô
também sofreram ataques.
Como conseqüência, a capital, que
enfrentava o seu primeiro dia útil depois da crise do fim de semana, viveu
ontem um dia atípico, de "meio expediente". Companhias de transporte público retiraram veículos de circulação, escolas cancelaram aulas,
comércio e repartições públicas fecharam as portas cedo. Em meio a
uma onda de boatos sobre toque de
recolher, a hora do "rush" foi antecipada para o meio da tarde.
Há uma dupla pedagogia em curso
nesses lamentáveis dias de outono.
De um lado, a quadrilha dos presídios e seus seguidores fora das celas,
diretos ou por inspiração, ensaiam
dar um passo no rumo das organizações terroristas. Do outro, a população, especialmente a da Grande São
Paulo, depara com uma situação inédita e é instada a desenvolver com rapidez novos padrões de reação.
É compreensível que, desacostumada a lidar com um ataque genérico de bandidos e mal orientada pelos
governantes, grande parte dos paulistanos tenha quebrado a rotina, fugido das ruas e procurado abrigo em
casa. Mas isso é tudo o que querem
os delinqüentes que promovem a
selvageria: que a população se dobre
à tática do medo e recue, a fim de que
possam desenvolver suas práticas
criminosas com mais desenvoltura.
Para que o "aprendizado" da quadrilha sobre práticas terroristas não
se complete, no entanto, é fundamental que as autoridades e a sociedade dêem um sonoro basta a essa
afronta. Não é hora de recuar. Os governantes precisam transmitir confiança à população; devem dizer aos
cidadãos que voltem ao trabalho, que
voltem às aulas, pois a polícia vai assegurar a ordem pública, vai confrontar com força máxima e debelar,
até o último integrante, os bandos
que violentam o Estado de Direito.
O momento é decisivo. Ou reagimos com contundência -fulminando a crise imediata e dando seqüência a uma ofensiva contra o crime organizado sem precedentes na história do país- ou estaremos condenados a nos habituarmos ao terror.
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