São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 2006

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CERTA VOLATILIDADE

Diante das incertezas sobre os próximos movimentos dos principais bancos centrais do mundo, os fundos de investimento internacionais promoveram intensa mudança de portfólio. Os investidores reduziram posições em países emergentes e fugiram para os títulos do Tesouro americano, para mercados de moedas fortes e para as commodities. A Bovespa caiu, o real se desvalorizou e o risco-Brasil subiu.
Provavelmente, esses movimentos serão revertidos nos próximos dias. Prevalece na economia internacional uma percepção de que a atual onda de crescimento, com baixa inflação e ampla liquidez financeira, irá se prolongar, mesmo com uma volatilidade maior nos preços dos ativos.
Nesse contexto, aumentam as preocupações em torno das políticas monetária e cambial brasileiras. Os juros elevados têm favorecido a entrada de recursos externos de curto prazo e a valorização do real. Os investidores obtêm ganhos expressivos captando recursos em ienes, com taxas de juros de 0,4% ao ano, para comprar papéis em reais, que pagam juros acima de 15% ao ano.
A persistência desses movimentos fortalecem a tendência de valorização da moeda brasileira, deteriorando as condições de competitividade da estrutura produtiva. Os produtores de calçados, têxteis, confecções, automóveis e o agronegócio já enfrentam dificuldades para manter as exportações. O desempenho da balança comercial começa a sinalizar um horizonte menos favorável à geração de megassuperávits.
As importações cresceram 40% em abril na comparação com o mesmo mês de 2005. Em abril, o saldo da balança caiu 20% em relação a março. Está evidente que as autoridades econômicas deveriam acelerar a redução do diferencial de juros interno e externo também para preservar a sustentabilidade do superávit comercial.


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