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TENDÊNCIAS/DEBATES
Até quando, sabemos; mas até onde?
Prometiam fazer-me retirar a afirmação de que este país se verá livre do PT por muito tempo. Pois reafirmo a aposta
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JORGE BORNHAUSEN
"Ô Bornhausen / estou aqui/ a
nossa raça/ tu vai ter que engolir." "Tu vai", assim mesmo -trocando
a concordância para parecer espontâneo e popular, quando, na verdade, era
uma peça de marketing ensaiada, falsa
como é a maior parte do PT-, um coro
de militantes desafiou-me no encontro
nacional petista. Prometiam fazer-me
retirar a afirmação de que este país, a
partir de janeiro, se verá livre do petismo por muito tempo. Pois me apresento voluntariamente para reafirmar a
aposta.
Estou sinceramente convencido de
que o povo brasileiro tem vergonha e
não esquecerá os tempos de corrupção,
mentira, cinismo, incompetência, populismo e chantagem do governo Lula.
Um quadro que, ao ser revelado, há dois
anos, com o "caso Waldomiro Diniz", já
parecia escabroso e que se supera a cada
dia.
Quando se imaginava que havia atingido o ápice, com a explícita traição dos
interesses nacionais na crise Brasil-Bolívia, surgem as declarações de Silvio Pereira, que secretariava a conspiração petista com Marcos Valério. Ou seja, além
de imolar o país, por meio da evidente
cumplicidade dos petistas com o tresloucado venezuelano Chávez, "muy
amigo" preferencial da atual política externa brasileira, temos a indicação de
que Lula, pessoalmente, participou de
decisões ilegais.
Não sou profeta, até assumo muitos
erros de previsão. Muitas vezes confiei
em generosas inspirações quixotescas.
Esqueci que a insensatez tende a premiar os mais astutos. Agora, porém, insisto na certeza de que, em janeiro de
2007, acabará o pesadelo petista.
Com o fim do governo Lula -sua
corrupção acintosa, a falsidade ideológica, a mentira, até o crime político-,
este país respirará. Poderá fazer opções
verdadeiramente democráticas, sejam
partidárias, ideológicas, programáticas,
administrativas, livres do suborno,
chantagens de instituições como o mensalão, valeriodutos, "dinheiro não contabilizado" com que se tenta truncar a
verdade eleitoral, subverter a fidelidade
partidária, desmoralizar as instituições.
A pajelança do PT a Lula em que o coro do "tu vai" tentava me agredir, era,
em si mesmo, uma farsa grotesca. Ou
seja, uma evidente manifestação eleitoral, enquanto o próprio candidato
-para enganar a quem, à Justiça Eleitoral?-, como vem fazendo acintosamente, usando dinheiro e próprios do
governo numa campanha cara e desigual, repetia que ainda não tinha decidido concorrer à reeleição... Patética ironia, Lula dizer que não é candidato! Presidente da República é que ele não é,
porque não trabalha, não governa, delega para incompetentes e só aparece para
fazer discursos vazios e demagógicos ou
para entregar os interesses nacionais
aos seus parceiros Chávez, Morales e
cia.
Como se não bastassem as tristes revelações de cada dia, na semana passada, viu-se o uso eleitoral do Departamento Nacional de Obras contra as Secas, que aplicou num único município
de Ceará tanto quanto em todo Estado
do Piauí, para beneficiar um aliado do
governo, conforme denúncia do Ministério Público. Fazer política com verbas
da seca é coisa que parecia ter ficado no
passado, mas está aí. Não é denúncia vazia. Daí a apreensão geral.
Lula e o segmento corrupto do PT
desmoralizaram tudo neste país. Acenaram com um sindicalismo democrático -que devia sepultar o peleguismo
estadonovista, como eles mesmos diziam- e criaram uma nova classe de
burocratas que esvazia as lutas dos trabalhadores; garantiram que o país teria
uma nova política externa, e transformaram o Itamaraty em centro de reeducação marxista. Prometeram uma nova
política econômica e fizeram o Brasil
perder o grande boom da economia
mundial, que cresce a uma média de
7%, 8% ao ano, enquanto não vamos
além dos 2,5%.
Comprometeram-se com mecanismos de política social -como o Fome
Zero- e apenas recauchutaram, com
pitadas de corrupção e paternalismo, o
Bolsa-Escola, o vale-gás e outros mecanismos que já existiam e funcionavam
sem roubo ou desvios... O Bolsa-Família
é uma apropriação indébita, apenas
uma marca de fantasia, com drenos para facilitar desvios de dinheiro público,
com cartões distribuídos por cabos eleitorais, utilizando formas competentes
de distribuição de renda que já existiam.
Se o Bolsa-Família fosse um produto
comercial e industrial, Lula já estaria
condenado na Justiça por pirataria,
apropriação de marcas, idéias e direito
autoral de terceiros.
Por tudo isso, e à medida que o processo eleitoral se desenvolver -na verdade, hoje, apenas Lula, a pretexto de
divulgar atos presidenciais, faz propaganda eleitoral com marketing estruturado-, a opinião pública tomará consciência de que Lula e a parcela corrupta
do PT já foram longe demais em matéria de desastres políticos, econômicos e
sociais. Daí, a minha certeza de que não
haverá reeleição. Sabemos, portanto,
que a impostura termina em 31 de dezembro. Impreterivelmente. A questão
é saber até onde, nesses próximos meses, até 31 de dezembro, Lula e o PT nos
levarão. Qual será o limite de tantos desvios éticos, corrupção e erros? Felizmente já sabemos até quando os aturaremos. Mas até onde chegarão?
Jorge Konder Bornhausen, 68, senador pelo
PFL-SC, é o presidente nacional do partido. Foi
governador de Santa Catarina (1979-82), ministro da Educação (governo Sarney) e da Secretaria de Governo da Presidência da República (governo Collor).
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