São Paulo, sábado, 16 de maio de 2009

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Capital ainda escasso

Banco público ainda sustenta empréstimos a empresas, embora haja retomada incipiente do crédito via mercado

C OMO SE sabe, o turbilhão da crise financeira internacional produziu contração forte e repentina na oferta de recursos -externos e domésticos- às companhias brasileiras. Uma das exceções fica por conta do BNDES.
No primeiro trimestre de 2009, os empréstimos do banco estatal de fomento atingiram R$ 19 bilhões, aumento de 13% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.
Os setores ligados à infraestrutura -sobretudo transporte rodoviário e energia elétrica- foram os principais responsáveis pela expansão dos empréstimos, com alta de 21% na mesma base de comparação. Já o desempenho do segmento industrial, bastante afetado pela crise, cresceu abaixo da média.
Ramos de alimentos, bebidas, material de transporte e química/petroquímica tiveram acesso a R$ 7,9 bilhões de janeiro a março, com crescimento de 5% frente a igual período do ano anterior. A manutenção dos investimentos produtivos é crucial para assegurar a oferta de bens e serviços, sem redespertar a inflação, quando a economia retomar o crescimento.
Diante da importância do BNDES na oferta de crédito em moeda doméstica e com juros e prazos adequados, o governo reduziu as taxas cobradas em três linhas: capital de giro, crédito para exportação e empréstimo-ponte (emergencial) para projetos de infraestrutura.
Além disso, acaba de ser anunciada uma medida destinada a desafogar as finanças de pequenas e médias empresas, setor extremamente prejudicado pela retração do crédito. Trata-se de um fundo garantidor de empréstimos para esse segmento, no valor de R$ 4 bilhões.
Os recursos serão administrados por bancos federais com o objetivo de proteger os credores contra possível inadimplência das empresas. Em caso de calote, o prejuízo será coberto pelo novo fundo. Com isso, espera-se que o acesso a capital de giro por parte dessas firmas menores -as quais, em seu conjunto, respondem por grande parte do emprego no país- seja minimamente restabelecido.
Outra fonte de recursos para empresas é o mercado de capitais. Ainda atravancado, ele dá sinais incipientes de retomada. Emissões de notas promissórias e certificados de recebíveis imobiliários já levantaram mais de R$ 3,6 bilhões neste ano.
A volta dos investidores estrangeiros pode abrir a oportunidade para novas emissões de ações. Seria um despropósito, entretanto, esperar uma repetição, no curto prazo, do festival de estreias de empresas na Bolsa ocorrido de 2006 a 2008.


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