São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Por um debate de idéias

RICARDO BERZOINI

A MENOS DE quatro meses das eleições presidenciais, o Partido dos Trabalhadores trabalha com afinco para apresentar à sociedade uma proposta que representará a continuação dos avanços em seu projeto político de crescimento econômico e redução de desigualdades sociais no Brasil.


Vamos confrontar o projeto democrático e popular do PT com o programa neoliberal posto em prática pela direita na gestão anterior


Já produzimos um documento com diretrizes para a elaboração do programa de governo para o próximo mandato; criamos 32 comissões temáticas para discutir questões que vão de esportes e direitos humanos a desenvolvimento regional, economia e reforma do Estado; estamos promovendo atividades por todo o país para permitir a participação ampla e plural da sociedade na construção de um plano que, baseado nas realizações do governo do presidente Lula, nas suas qualidades e nas suas insuficiências, projete um período de novos avanços. Nosso empenho vai ao encontro do que entendemos ser o anseio da população no momento de pré-campanha: a realização de um debate programático, um confronto de idéias entre os campos políticos, que possibilitem aos cidadãos a escolha lúcida dos rumos que eles almejam ao país. Infelizmente, quando a política se resume à luta pela conquista do poder, a falta de propostas e a escassez de argumentos levam aos ataques pessoais, à tentativa de aniquilar o adversário com um discurso vazio, arruinando reputações em prejuízo da verdade. Como exemplo desse comportamento, aponto, com pesar, o artigo do ilustre senador Jorge Bornhausen, presidente do PFL, publicado nesta Folha, na edição de 13 de junho. O nobre parlamentar -o mesmo que bradou seu desejo de se ver livre da "raça" petista- reitera sua veia preconceituosa, discriminatória e difamatória e revela a fúria oposicionista contra o PT e o governo Lula. Mesclando meias-verdades e mentiras, citando supostos crimes sem qualquer comprovação, caluniando petistas e mirando no presidente Lula, o senador Bornhausen -fundador da Arena, partido que deu sustentação ao regime militar, e ministro e articulador político do governo do ex-presidente Collor de Mello- expressa sua "indignação". Lamentavelmente, o mesmo sentimento faltou-lhe anos atrás, quando, como senador da República, Bornhausen calou-se diante de escândalos como os que envolveram a privatização do sistema de telecomunicações do governo do PSDB/PFL. Sua indignação também esteve ausente durante o escândalo da compra de votos para a reeleição de FHC ou ainda diante da denúncia do favorecimento dos Bancos Marka e Fonte/Cindam e também da gestão temerária dos créditos do Banco do Brasil junto à Encol, condenada pela Justiça. O PT propõe um desafio, sim, senador: vamos debater idéias e ideais. Vamos confrontar o programa democrático e popular proposto e iniciado pelo governo do PT com o programa neoliberal posto em prática pela direita na gestão anterior. A história recente nos traz importantes elementos para o início desse debate. A gestão do PSDB/PFL deixou ao governo Lula uma pesada herança, que incluiu a volta do ciclo inflacionário, altas taxas de juros, forte vulnerabilidade externa, desorganização dos serviços públicos e criminalização dos movimentos sociais. O Brasil herdado pelo governo do PT era um país marcado por uma grave crise social. Em pouco mais de três anos, essa tendência começou a ser revertida. A inflação foi controlada e o país está menos vulnerável do ponto de vista internacional. Iniciou-se um processo de distribuição de renda, com aumento da renda dos trabalhadores -em especial do salário mínimo-, com a redução da pobreza, como atesta a última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), e com o aumento do ingresso dos trabalhadores no mercado formal: foram criados, até agora, 4 milhões de empregos com carteira assinada no governo Lula, contra apenas 700 mil nos oito anos do governo FHC. Sabemos que é preciso avançar mais, crescer mais, distribuir mais renda. E é nessa direção que estamos elaborando, de forma compartilhada com os diversos segmentos da sociedade, nosso programa de ação de governo para 2007-2010. Nossa história mostra que temos um projeto político claro, com a adoção de ações concretas para garantir as condições para o crescimento e fazendo uma opção pelos trabalhadores. E as pesquisas mostram que o povo aprova esse projeto. A população amadureceu, senador. A despeito dos discursos oportunistas e raivosos de setores da oposição, a maioria dos cidadãos brasileiros reconhece o governo Lula como o que pode aprofundar os avanços rumo à eqüidade social.
RICARDO BERZOINI é presidente nacional do PT e deputado federal (PT-SP).


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