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CARLOS HEITOR CONY
Quartel de Abrantes
RIO DE JANEIRO - Não deixa de
ser um avanço, por sinal, relevante.
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, fortemente pressionado
pelos últimos acontecimentos no
Oriente Médio, voltou atrás em sua
posição radical e admitiu pela primeira vez a criação de um Estado
palestino.
Na concepção do líder israelense,
o novo Estado não teria direito a
possuir Forças Armadas nem mesmo um espaço aéreo soberano, como têm os outros Estados. Seria um
simulacro de Estado -e, na realidade, continuaria a ser o que é.
Dentro da nascente geopolítica
de região, o terrorismo palestino
não seria mais terrorismo, mas
ações de uma guerra permanente.
Mudariam o nome e a classificação,
mas a natureza do conflito permaneceria a mesma, com dois povos
lutando entre si por um pedaço de
chão, um chão sagrado para ambos.
Para os palestinos, um Estado
nos moldes preconizados por Netanyahu não resolveria a questão.
Mesmo possuindo um novo status
reconhecido pela comunidade internacional, os radicais do Hamas
não abririam uma trégua na luta
por destruir o Estado judeu. Não
mais seria um grupo terrorista, mas
um Estado terrorista, que só deporia armas aniquilando o inimigo.
Em todo o caso, a simples aceitação de um Estado palestino por parte de Israel coloca a situação num
patamar racional. Tal como uma
parcela da Autoridade Palestina
abandonou a teoria de que deveria
jogar todos os judeus no mar, o reconhecimento de Israel por uma
Palestina independente facilitaria
novas rodadas pela paz na região.
Seria o fim possível de um bom
começo.
Do contrário, uma solução intermediária como a proposta pelo premiê de Israel faz com que a situação
continue por muitos anos ainda como naquele quartel de Abrantes,
onde tudo fica como antes.
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