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INCONTINÊNCIA VERBAL
Não se pode dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
seja um líder de poucas palavras. Em
sua viagem à Europa, Lula continua
exercitando sua já conhecida incontinência verbal. Tem colhido boas e
más repercussões.
Enquadram-se entre as últimas as
observações sobre os Estados Unidos, país que, segundo Lula, pensa
unicamente em si mesmo. A declaração, após recente visita oficial aos
EUA, gerou desconforto. O governante tem todo o direito -e o dever- de ser crítico em relação a políticas norte-americanas que contrariem interesses brasileiros, mas há
fóruns e formas apropriadas para
manifestar divergências. A embaixadora norte-americana no Brasil não
deixou passar a oportunidade para
manifestar seu desapontamento.
No mesmo sentido, o discurso na
cúpula da Governança Progressista,
anteriormente chamada de Terceira
Via, originou reação negativa do diário "The Times", que viu populismo
nas palavras presidenciais sobre a
solidariedade internacional.
Mais simpático foi o sociólogo inglês Anthony Giddens, ideólogo da
Terceira Via, que saudou o presidente na concorrida palestra proferida
por Lula na London School of Economics and Political Science. "Lula
pode mudar o mundo", chegou a declarar Giddens, deixando de mencionar que o novo mandatário ainda
precisa começar a mudar o Brasil.
No mais, o presidente tem repisado temas conhecidos, tecendo generalidades acerca da igualdade entre
as nações, fome e multilateralismo.
Não faltam também as obsessivas referências a Fernando Henrique Cardoso e a constatação, renovada, de
que não é preciso falar inglês para ser
ouvido em terras estrangeiras.
Além de alimentar fantasias -e
também ironias- entre círculos europeus, Lula parece ter obtido de
concreto, até aqui, o apoio do Reino
Unido para uma candidatura do Brasil ao Conselho de Segurança da
ONU. Resta a constatação de que o
país já tem problemas suficientes para que a eles se adicionem atritos motivados por palavras irrefletidas.
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