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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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APENAS PALIATIVOS

Depois de anunciar um "roteiro para uma agenda de desenvolvimento", de adotar medidas para reforçar a oferta de crédito a micro e pequenas empresas e pessoas de baixa renda e de lançar o programa "Primeiro Emprego", o governo federal agora acena com reduções de impostos para reanimar as vendas das montadoras de automóveis no mercado interno, que estão muito fracas.
Essas variadas medidas e intenções -entre outras divulgadas nas últimas semanas, aliadas a novas que poderão surgir em breve- guardam em comum duas características: parecem ser louváveis, pois representam um reconhecimento da necessidade de aliviar o quadro adverso vivido pela atividade econômica, mas ao mesmo tempo são evidentemente insuficientes para inverter esse quadro.
Trata-se, em suma, de paliativos, que buscam estimular apenas setores específicos e têm, do ponto de vista do conjunto da economia, fôlego muito limitado. Oferecem à opinião pública a impressão de que o governo "se mexe" para tirar a economia do marasmo. Mas, objetivamente, não cabe esperar que sejam capazes de compensar o impacto recessivo da política macroeconômica em geral e em particular da taxa de juros altíssima.
Enquanto essa restrição geral ao crescimento não for relaxada, as próprias iniciativas localizadas que vêm surgindo tenderão a ser esvaziadas. Por exemplo, a concessão de facilidades para o setor automobilístico poderá até estimular uma recuperação pontual das vendas, impedindo que seja deflagrada, no curto prazo, uma onda de demissões de trabalhadores do setor. Mas, se dentro de poucos meses não houver uma melhora geral do ambiente econômico, que crie a perspectiva de que a recuperação das vendas será sustentável, o espectro das demissões voltará a rondar as montadoras.
Uma redução mais rápida dos juros se impõe. As evidências de que a inflação recuou muito mostram que ela é viável. É o caminho para iniciar uma retomada mais consistente do crescimento.


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