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APENAS PALIATIVOS
Depois de anunciar um "roteiro para uma agenda de desenvolvimento", de adotar medidas para
reforçar a oferta de crédito a micro e
pequenas empresas e pessoas de baixa renda e de lançar o programa "Primeiro Emprego", o governo federal
agora acena com reduções de impostos para reanimar as vendas das
montadoras de automóveis no mercado interno, que estão muito fracas.
Essas variadas medidas e intenções
-entre outras divulgadas nas últimas semanas, aliadas a novas que
poderão surgir em breve- guardam
em comum duas características: parecem ser louváveis, pois representam um reconhecimento da necessidade de aliviar o quadro adverso vivido pela atividade econômica, mas ao
mesmo tempo são evidentemente insuficientes para inverter esse quadro.
Trata-se, em suma, de paliativos,
que buscam estimular apenas setores específicos e têm, do ponto de
vista do conjunto da economia, fôlego muito limitado. Oferecem à opinião pública a impressão de que o
governo "se mexe" para tirar a economia do marasmo. Mas, objetivamente, não cabe esperar que sejam
capazes de compensar o impacto recessivo da política macroeconômica
em geral e em particular da taxa de
juros altíssima.
Enquanto essa restrição geral ao
crescimento não for relaxada, as próprias iniciativas localizadas que vêm
surgindo tenderão a ser esvaziadas.
Por exemplo, a concessão de facilidades para o setor automobilístico poderá até estimular uma recuperação
pontual das vendas, impedindo que
seja deflagrada, no curto prazo, uma
onda de demissões de trabalhadores
do setor. Mas, se dentro de poucos
meses não houver uma melhora geral do ambiente econômico, que crie
a perspectiva de que a recuperação
das vendas será sustentável, o espectro das demissões voltará a rondar as
montadoras.
Uma redução mais rápida dos juros
se impõe. As evidências de que a inflação recuou muito mostram que
ela é viável. É o caminho para iniciar
uma retomada mais consistente do
crescimento.
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