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BOM PARA O BRASIL
A decisão da União Européia
de reduzir subsídios à produção de açúcar é uma boa notícia não
apenas para o Brasil mas para o
avanço das negociações internacionais sobre o comércio. Em quatro
anos, a UE propõe-se a reduzir as exportações subsidiadas de 2,4 milhões de toneladas para 400 mil e a
cortar a produção total de açúcar de
17,4 milhões de toneladas para 14,6
milhões. Promoverá também, além
de outras medidas, uma diminuição
do preço mínimo pago aos produtores dos atuais 632 euros por tonelada
para 421 euros.
Representantes do setor no Brasil
já contabilizam ganhos de cerca de
US$ 300 milhões em exportações
adicionais de açúcar apenas no primeiro momento de vigência dessas
normas, que começam a entrar em
vigor a partir de julho do ano que
vem. Esses ganhos ainda poderão
ser ampliados, a depender dos resultados das negociações entre o Mercosul e a União Européia, que terão
nova rodada na semana que vem.
Afora os benefícios para os produtores brasileiros, a decisão européia
ganha significado no contexto das
negociações internacionais sobre
protecionismo. Países exportadores
de bens agrícolas, como o Brasil,
têm pressionado para que as regras
de liberalização aplicáveis a produtos
industrializados e serviços se estendam à agricultura. Europa e Estados
Unidos, os maiores mercados, mantêm forte proteção a seus produtores
e são os grandes obstáculos à mudança. Rotineiramente ambos argumentam que nada podem fazer se
não houver correspondência da outra parte -o que apenas tem servido
para manter o impasse.
Ao anunciar a redução das salvaguardas ao açúcar, a UE antecipa-se
a uma possível determinação nesse
sentido por parte da Organização
Mundial do Comércio e transfere a
responsabilidade do novo passo aos
EUA, que sofreram derrota para o
Brasil na questão dos subsídios ao
algodão, mas pretendem recorrer.
Não há dúvida de que o processo de
liberalização agrícola é complexo e
demandará tempo para evoluir. Os
sinais, no entanto, são de que algo
começa a se mover.
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