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MEDIDAS EM EXCESSO
Há pouco tempo, os presidentes das duas Casas do Congresso Nacional -ambos aliados do
governo federal- queixaram-se do
excesso de medidas provisórias, que
estaria congestionando a pauta e dificultando os trabalhos. Agora foi a
vez do ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PC do B - SP), reconhecer que o governo tem exagerado na edição de MPs.
A utilização em grande escala desse
dispositivo não é novidade na política brasileira. As MPs constituem um
recurso eficaz para que o Executivo
possa impor suas prioridades à
agenda do Congresso. Por isso mesmo, durante a era Fernando Henrique Cardoso o recurso abusivo a esse
mecanismo foi repetidamente criticado pelos partidos de oposição.
O que chama atenção nas declarações de Rebelo é que o partido do
atual governo sempre esteve entre os
críticos mais incisivos e contumazes
dessa prática. Nos 24 meses iniciais
de seu mandato, FHC publicou 71
MPs, enquanto o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva -em apenas 18
meses- já utilizou esse expediente
95 vezes. A impressão que se tem
diante de números como esses é que
o PT não apenas aderiu à idéia de legislar "por decreto" como aprimorou sua execução.
Os malefícios derivados desse tipo
de abuso são conhecidos. O dano
mais imediato é o trancamento da
pauta do Legislativo. Pela lei, fica estabelecido um limite de 45 dias, após
a publicação, para a votação das medidas no Senado ou na Câmara. Findo esse prazo, fica impedida a apreciação de outros projetos pelas duas
Casas. Conseqüentemente, um
grande volume de MPs prejudica a
agenda do Legislativo e a votação de
matérias importantes para o país.
As MPs deveriam restringir-se a casos de relevância e urgência incontestáveis. Lamentavelmente, não é o
que se tem observado sob o governo
de um presidente que assumiu o
compromisso de mudar essa rotina.
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