|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CASO DE POLÍCIA
Um grupo de cerca de 50 sem-terra invadiu uma delegacia no
município de Aurelino Leal, na Bahia, e resgatou dois integrantes do
movimento que haviam sido presos.
As prisões, segundo a Polícia Militar,
foram motivadas por desacato à autoridade. Ocorreram quando 80 policiais, por determinação da Justiça,
atuavam na reintegração de posse de
uma fazenda invadida no final de semana. Um dos líderes do MST na Bahia justificou a ação considerando
que as prisões foram "injustas".
Não bastassem as seguidas afrontas à lei em sua rotina de invasão de
propriedades, representantes do
MST agora acreditam que podem determinar que é "justo" invadir uma
delegacia e libertar à força pessoas
detidas sob a guarda do poder público. Esse tipo de ação não é novidade
no país. Já há anos noticiam-se tentativas de resgate de prisioneiros em
delegacias e presídios, algumas delas
bem-sucedidas, por parte de quadrilhas e organizações criminosas. É
exatamente a esses bandos que o
grupo de sem-terra da Bahia nivelou-se na audácia e no completo desprezo pela ordem.
Alguns setores da sociedade têm sido tolerantes com os sem-terra possivelmente por entender que há na
área rural assimetrias importantes a
serem corrigidas. Essa tolerância, no
entanto, vem sendo minada pela irracionalidade do MST e pela crescente percepção de que a cúpula do movimento se preocupa menos com a
discussão da reforma agrária do que
com a instrumentalização de massas
de miseráveis para criar situações de
confronto com propósitos políticos.
Fatos como esse ocorrido na Bahia
servem, no final das contas, para
aproximar os sem-terra da delinqüência comum e reforçar o processo de criminalização do movimento
social, cujas reivindicações deveriam, a princípio, ser mediadas pela
política e não pela polícia.
Texto Anterior: Editoriais: MEDIDAS EM EXCESSO Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Um outro olhar sobre a crise Índice
|