|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Confiança a conquistar
A ANAC , agência reguladora
do setor aéreo -cuja finalidade é "fiscalizar as atividades de aviação civil, bem como
adotar as medidas necessárias
para o atendimento do interesse
público"- tem pouco mais de
um ano. Até certo ponto, é natural que demore para encontrar a
sua embocadura.
A fragmentação do controle da
aviação civil, de resto, dificulta
essa tarefa. Além da Anac, atuam
no segmento a Infraero (responsável pelos aeroportos) e o Decea, órgão da Aeronáutica que
trata do controle do tráfego aéreo. Trata-se de um sistema que,
por carência de articulação, tem
maximizado os conflitos burocráticos e a inoperância.
Mas, se a Anac encontra dificuldades naturais para encontrar seu lugar nesse emaranhado
burocrático, ao menos já deveria
ter-se livrado dos problemas antigos. A agência, por exemplo,
continua a permitir a constrangedora prática do chamado passe
livre entre os seus funcionários.
Por esse instrumento -herdado do Departamento de Aviação
Civil, antecessor da Anac-, desde 2006 funcionários da agência
já fizeram mais de 18 mil viagens
aéreas gratuitas. A média de quase 40 deslocamentos diários, financiados pelas empresas que a
Anac tem a obrigação de fiscalizar, é uma nódoa evidente na
credibilidade da agência.
Servidores da agência precisam viajar para cumprir suas tarefas, decerto. Mas, para que sua
independência não seja comprometida, deveriam fazê-lo com recursos orçamentários da Anac.
Práticas como o passe livre
permitem associações ruins com
outras notícias. É o caso do baixo
índice de multas pagas pelas empresas à Anac no período da
maior crise aérea brasileira.
Nessa toada, a agência não
conquistará um trunfo intangível mas essencial para o seu
enraizamento: a confiança dos
usuários da aviação civil.
Texto Anterior: Editoriais: Em concentração Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Favelópolis Índice
|