São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2007

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FERNANDO RODRIGUES

A vaia previsível

BRASÍLIA - Em 1989, fui ao Morumbi acompanhar Lula na final do campeonato brasileiro, disputada entre São Paulo e Vasco. O então candidato a presidente foi fragorosamente vaiado -torcia para o Vasco (o time vencedor da tarde) e estava atrás nas pesquisas (Collor acabou ganhando a eleição).
Na sexta-feira, Lula foi novamente vaiado em um estádio de futebol. Desta vez, no Maracanã, na abertura dos Jogos Pan-Americanos.
Nos últimos dois dias, salvo uma ou outra ponderação, o mundo se dividiu em dois. Começou a curva descendente de Lula, disseram alguns. Para outros, foi uma orquestração de Cesar Maia ou outra força política para constranger o petista.
O bom senso recomenda não acreditar nas duas teses. Lula estava numa cidade conhecida por sua irreverência e capacidade histórica de contestação. O petista sempre foi menos popular em grandes centros do que no interior. Nas últimas semanas, para piorar, tem feito concessões a um aliado encrencado, Renan Calheiros, com quem aparece freqüentemente na TV.
Coloque Lula andando hoje ao lado de Renan Calheiros no largo da Batata, em São Paulo, ou na Cinelândia, no Rio. As vaias serão tão certas como as de sexta-feira.
Ainda assim, dizem os anti-Lula, as vaias seriam o prenúncio do fim da popularidade do petista. Tenho dúvidas. Há elementos objetivos de sobra contra essa conclusão. Os cerca de 90 mil do Maracanã certamente não são todos integrantes do eleitorado lulista. Como bem lembrou ontem Clóvis Rossi, o presidente teve 58,2 milhões de votos no segundo turno de 2006, o equivalente a 46,2% do total.
Possivelmente, mesmo no auge da eleição do ano passado o petista teria sido vaiado se fosse a um estádio lotado. A hostilização de sexta-feira, nesse contexto, foi até previsível. O que isso muda no cenário político-eleitoral para Lula? Nada.

frodriguesbsb@uol.com.br


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