São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

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Editoriais

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Arena paulista

Não deixa de ser um sinal de maturidade o fato de São Paulo, através de representantes políticos, da imprensa e de outras instâncias da sociedade civil, ter rechaçado a ideia de o poder público arcar com a construção de uma arena para sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014, ao elevado custo de R$ 1 bilhão.
Como adiantou a coluna de Mônica Bergamo, na edição de ontem desta Folha, o governador Alberto Goldman agendou encontro com o sr. Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL), para dar-lhe a palavra final do Estado e da cidade: não haverá investimento público na construção do estádio.
Ou a Fifa, a entidade máxima do futebol, revê sua posição sobre o Morumbi ou a maior cidade do país declinará do convite de hospedar a abertura da Copa. Ao agir assim, São Paulo dá exemplo e mostra-se em sintonia com um sentimento que vai se difundido pelo país: a Copa dever servir ao Brasil -e não o contrário.
Não há dúvida de que a Fifa acerta em muitas de suas reivindicações com vistas ao evento. É preciso, sem dúvida, avançar em infraestrutura, transporte e comunicações para que o Mundial possa ser realizado a contento.
Bem diferente é apresentar requisitos por demais custosos ao poder público com vistas à realização de uma única partida de futebol. Outros países que patrocinaram mundiais, como a Alemanha, já se depararam com situações análogas e refutaram as exigências exorbitantes da entidade.
Além de conceder à Fifa discutíveis isenções fiscais para lucrar com a Copa, o poder público, em suas diversas esferas, flexibiliza licitações, acena com empréstimos a juros camaradas e investe diretamente na construção de estádios que podem se transformar, ao fim do torneio futebolístico, em "elefantes brancos".
O péssimo exemplo dos Jogos Panamericanos do Rio já mostrou como a irresponsabilidade de alguns é capaz de manipular o entusiasmo de muitos e produzir descalabros com o dinheiro de todos. Menos mal que São Paulo não se incline a fazer esse papel.


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