São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

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MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

O futuro é das Pedalinas

SÃO PAULO - Na quarta-feira relatei aqui algumas incursões sobre trilhos às quais me entreguei com o intuito de oferecer à cidade uma chance de me convencer a deixar o carro em casa. Como não há estação de trem ou metrô a uma distância que possa ser cumprida diariamente a pé de onde moro, as alternativas para chegar à linha férrea são ônibus ou táxi.
Mas o ideal, a meu ver, seria recorrer à bicicleta. A própria Secretaria dos Transportes Metropolitanos, justiça seja feita, tem procurado oferecer bicicletários e ciclovias para que essa alternativa se torne menos penosa e mais convidativa. São no entanto ainda insuficientes em quantidade e dimensões.
Na maior parte das vezes em que decido usar metrô, uso táxi para percorrer o itinerário casa-estação. Sinto-me quase um perfeito idiota ao fazê-lo, mas, convenhamos, esse não é um sentimento tão estranho a quem, por qualquer meio, se veja obrigado a atravessar a cidade.
A dificuldade de usar a bicicleta está no risco que representa circular sobre esse frágil veículo pelo trânsito paulistano. Não sou mais garoto. Sinto medo.
Faço essa confissão envergonhado, depois de ler reportagem sobre as Pedalinas, um coletivo de meninas que usa a bike para ir à padaria, à escola e à balada. Destemidas, desafiam obstáculos. E dessa forma, como outros ciclistas, militantes ou não, constituem um setor de vanguarda da cidade.
São Paulo é um centro urbano global, dinâmico, cheio de gente interessante e atrativos. Conheço muitos estrangeiros que se fascinam com o que encontram aqui. Ao mesmo tempo, chocam-se com a resistência oferecida a comportamentos elementares, como respeitar faixa de pedestres e ciclistas.
Já é hora de deixarmos de nos contentar com situações que apenas simulam o cumprimento de requisitos civilizatórios. Por que não há ciclovias nos bairros, que levem às estações? Todo poder às Pedalinas! O futuro a elas pertence.


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