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MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
O futuro é das Pedalinas
SÃO PAULO - Na quarta-feira relatei aqui algumas incursões sobre
trilhos às quais me entreguei com o
intuito de oferecer à cidade uma
chance de me convencer a deixar o
carro em casa. Como não há estação de trem ou metrô a uma distância que possa ser cumprida diariamente a pé de onde moro, as alternativas para chegar à linha férrea
são ônibus ou táxi.
Mas o ideal, a meu ver, seria recorrer à bicicleta. A própria Secretaria dos Transportes Metropolitanos, justiça seja feita, tem procurado oferecer bicicletários e ciclovias
para que essa alternativa se torne
menos penosa e mais convidativa.
São no entanto ainda insuficientes
em quantidade e dimensões.
Na maior parte das vezes em que
decido usar metrô, uso táxi para
percorrer o itinerário casa-estação.
Sinto-me quase um perfeito idiota
ao fazê-lo, mas, convenhamos, esse
não é um sentimento tão estranho a
quem, por qualquer meio, se veja
obrigado a atravessar a cidade.
A dificuldade de usar a bicicleta
está no risco que representa circular sobre esse frágil veículo pelo
trânsito paulistano. Não sou mais
garoto. Sinto medo.
Faço essa confissão envergonhado, depois de ler reportagem sobre
as Pedalinas, um coletivo de meninas que usa a bike para ir à padaria,
à escola e à balada. Destemidas, desafiam obstáculos. E dessa forma,
como outros ciclistas, militantes ou
não, constituem um setor de vanguarda da cidade.
São Paulo é um centro urbano
global, dinâmico, cheio de gente interessante e atrativos. Conheço
muitos estrangeiros que se fascinam com o que encontram aqui. Ao
mesmo tempo, chocam-se com a resistência oferecida a comportamentos elementares, como respeitar faixa de pedestres e ciclistas.
Já é hora de deixarmos de nos
contentar com situações que apenas simulam o cumprimento de requisitos civilizatórios. Por que não
há ciclovias nos bairros, que levem
às estações? Todo poder às Pedalinas! O futuro a elas pertence.
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